21 Abr, 2024

Testemunho de doente com perda auditiva. “As pessoas ainda sentem vergonha em mostrar limitações”

Filomena Ferreira, de 69 anos, viveu com perda auditiva durante grande parte da sua vida. No entanto, afirma que quando decidiu procurar ajuda especializada, que a levou a utilizar um aparelho auditivo, sentiu um aumento na sua qualidade de vida.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 196 milhões de pessoas na Europa vivem com perda auditiva, estatística que se prevê que vá aumentar significativamente até 2050. Filomena Ferreira encontra-se dentro deste número.

Foi com apenas 8 anos que começou a ser acompanhada por um médico otorrinolaringologista devido ao facto de desenvolver otites com muita frequência. Por conselho deste mesmo especialista acabou por ser operada ao ouvido esquerdo com apenas 12 anos, na tentativa de parar as otites que, a longo prazo, poderiam desenvolver outros problemas de saúde.

“Depois da cirurgia sempre senti alguma perda auditiva, algo que o médico me disse que iria agravar com o passar dos anos, e assim foi.” Com 40 anos indica que já sentia uma sensação de ter de virar a cabeça na direção do som para ouvir melhor. “A partir daí senti que de facto piorei e a partir dos 50 anos já sentia muitas vezes uma perda auditiva acentuada.”

Mais tarde, em 2021, decidiu procurar ajuda de um especialista e foi assim que em janeiro de 2022 começou a utilizar um aparelho auditivo, algo que lhe “devolveu qualidade de vida”.

Filomena, que desde sempre foi apaixonada pela música, tendo inclusive tocado piano na sua infância, afirma que a sensação de ouvir sons com detalhes que nem sequer se lembrava que existiam foi “incrível”. “Até o facto de ouvir os passarinhos a chilrear de manhã, algo que não ouvia há anos, ou as particularidades de determinadas músicas. Tive alturas em que tinha de diminuir o som dos aparelhos por ainda não estar habituada ao ouvir som no seu estado mais natural. É espetacular!”

Deixando uma mensagem para quem vive com perda auditiva, Filomena Ferreira afirma que “quando temos limitações não podemos ter problemas em procurar ajuda”. “Sinto que, hoje em dia, as pessoas ainda sentem alguma vergonha em mostrar as suas limitações”. Além disso, “atualmente os aparelhos auditivos são tão discretos que se tornam praticamente impercetíveis e a qualidade de vida que oferecem é muito superior”, conclui.

 

CG

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