SNS gastou quase 400 milhões com exames e análises no privado até junho, um novo recorde

Em apenas seis meses, de janeiro a junho deste ano, o SNS gastou 393 milhões de euros em exames e análises clínicos feitas pelos seus utentes no setor privado. Trata-se do valor mais alto já registado no primeiro semestre, 14% superior ao do período homólogo do ano passado, avança o Público. No ano passado, nos primeiros seis meses, os encargos tinham sido de 344 milhões de euros.

A manter-se esta tendência no segundo semestre do ano, 2022 pode bater o recorde de despesa anual do SNS com exames e análises no setor convencionado.

Este ano parece acompanhar o grande aumento de meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT) realizados no privado, e pagos pelo SNS, que ocorreu em 2021. No ano passado, à boleia da pandemia, o estado gastou 718 milhões de euros, um valor muito superior aos anos anteriores. Para se ter uma ideia, em 2019, o último ano pré-pandémico, a despesa ficou pelos 507 milhões de euros.

O Ministério da Saúde, agora liderado por Manuel Pizarro, diz que “o aumento de custos reflete o esforço de recuperação e retoma da atividade programada para responder às necessidades de cuidados“. No entanto, é por falta de capacidade interna para realizar MCDT que o SNS se vê obrigado a recorrer ao setor privado. “Se os hospitais produzissem um pouco mais, não tenho dúvidas que as coisas melhorariam”, criticou Manuel Delgado, antigo secretário de Estado da Saúde, num artigo de opinião publicado na Visão, em que também defendia que alguns centros de saúde deveriam ter equipamentos para realizarem exames.

O crescimento dos gastos do SNS com MCDT no privado está a ser acompanhado por um natural aumento das requisições, que passaram de 9,9 para 11,7 milhões entre o primeiro semestre de 2021 e o mesmo período deste ano.

SO

Notícia Relacionada

SNS teve um aumento de 48% na despesa com exames no privado em 2021