18 Set, 2020

Sindicato dos Médicos alerta para “rotura iminente” da Urgência de São José

Urgência do hospital é frequentemente assegurada com apenas "dois a três médicos sem especialidade, contratados a recibos verdes", diz o sindicato. CHULC nega existir rotura dos serviços.

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul alerta para a “rotura iminente” de alguns serviços de urgência na área metropolitana de Lisboa, dizendo que no Hospital de São José por vezes, há apenas um médico para dezenas de doentes.

“A escassez de recursos médicos, em alguns centros hospitalares da área de Lisboa e Vale do Tejo, é tão marcante que serviços de urgência da Grande Lisboa não conseguem garantir a presença de equipas com elementos em número e diferenciação adequadas”, diz o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS), em comunicado.

Como exemplo desta degradação, o sindicato aponta o serviço de urgência de adultos no Hospital de São José, que “frequentemente conta com apenas dois a três médicos sem especialidade, contratados a recibos verdes, para prestar cuidados de saúde a doentes triados para observação pela especialidade de Medicina Interna”.

Com o aumento da afluência dos doentes aos serviços de urgência, estes médicos são por vezes responsáveis pelo atendimento de cerca de 70 a 80 doentes, “com as consequências previsíveis”, afirma.

O SMSZ diz que esta situação se agravou nos últimos tempos, “chegando a verificar-se agora períodos em que a urgência central de um dos maiores hospitais do país conta apenas com um médico, com vínculo precário, para observar o mesmo número de doentes”.

 

“Número de médicos contratado durante a pandemia é irrisório”

 

“Não é aceitável que este Governo e Ministério da Saúde permitam esta situação, que põe em causa a saúde dos doentes e o desempenho profissional dos médicos”, sublinha o sindicato.

A estrutura sindical diz que se tem mantido “a desestruturação de serviços, a saída de médicos do SNS [Serviço Nacional de Saúde] para o setor privado e o recurso recorrente ao trabalho médico com vínculo precário, frequentemente utilizado para preencher necessidades permanentes”.

“Ao contrário do que tem sido anunciado, o número de médicos contratado durante a pandemia é irrisório e muitos já não se encontram em funções, uma vez que terminaram já os contratos de quatro meses”, afirma o SMZS, recordando ainda que as contratações de recém-especialistas “não significam um verdadeiro reforço dos recursos humanos, uma vez que são médicos que já se encontravam a trabalhar no SNS”.

“Os próximos meses serão determinantes para avaliar a capacidade do SNS em dar resposta ao Outono/Inverno”, considera o sindicato, alertando que se verificam já “situações de extrema gravidade em serviços de urgência da capital e que exigem uma rápida intervenção por parte do Governo, de modo a garantir a continuidade do acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde”.

 

CHULC nega “rotura iminente” dos serviços

 

O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) esclareceu que em “nenhum momento” o seu Serviço de Urgência Geral e Polivalente foi ou é assegurado apenas por um médico “para dezenas de doentes”.

Numa resposta enviada à agência Lusa, o centro hospitalar assegura que as escalas do serviço de urgência geral e polivalente “integram médicos com plena autonomia para o exercício da profissão, incluindo clínicos de 23 especialidades, entre elas Medicina Interna”.

“No CHULC existe uma prática de gestão integrada das equipas, para a qual muito contribui o esforço de todos os profissionais, de modo a garantir a melhor qualidade assistencial aos doentes”, sublinha.

O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central lembra ainda que tem planos de contingência aprovados e em vigor, estando os mesmos em permanente acompanhamento e atualização.

SO/LUSA

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