Sindicato dos Enfermeiros fala em 55% de adesão à greve na região Norte

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) exigiu hoje, no Porto, que a tutela "acelere as negociações", apontando para uma adesão à greve na zona Norte a rondar os 55%, número que diz espelhar "cansaço e desespero".

Em declarações à agência Lusa, Fátima Monteiro, do SEP, referiu que a taxa de adesão estimada até cerca das 12:00 em centros de saúde e hospitais do Norte mostra que os profissionais estão “exaustos” e que o “processo negocial está a ser lento demais”.

“As remunerações nesta classe são muito baixas e muitos enfermeiros necessitam de retomar o trabalho, ainda que estejam de corpo e alma com a causa. Precisam de fazer face às necessidades das suas famílias”, disse Fátima Monteiro, que falava à margem de uma concentração de cerca de 20 enfermeiros à entrada do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto.

“Enfermeiros Exigem! Admissão de enfermeiros. Justo descongelamento das progressões. Pagamento do suplemento remuneratório a todos os enfermeiros especialistas”, lê-se na faixa que circunda os enfermeiros, que também seguram bandeiras do SEP e vão explicando a quem passa as razões para estarem em greve.

“Há falta de enfermeiros em todos os serviços médicos do país. A carga horária a que estão sujeitos é muito grande. A integração de 1.500 enfermeiros este ano é a nossa exigência. Os números que a tutela está a avançar ficam aquém do necessário”, disse Fátima Monteiro.

O SEP convocou terça-feira uma greve para exigir a “correta contagem dos pontos para todos os profissionais” e protestar contra o encerramento do processo negocial sobre a carreira.

A greve geral está a decorrer nos turnos da manhã e da tarde nas instituições de saúde do setor público e a ser feita por regiões de saúde.

Sónia Sampaio, enfermeira há 21 anos e atualmente a trabalhar no Hospital São João, no Porto, contou que recebe cerca de 1.200 euros mensais, remuneração que disse não se alterar praticamente desde que começou a exercer.

“O descongelamento das carreiras para funcionários públicos não existe para enfermeiros. Sentimo-nos roubados. Não estamos a pedir leis novas, apenas a aplicação da lei também aos enfermeiros. Há um desrespeito completo pela classe”, disse a enfermeira, acrescentando que “há muito cansaço e frustração na luta”, mas garantindo que “nada desmobilizará os enfermeiros”.

Esta greve não está relacionada com a greve dos enfermeiros em blocos operatórios, convocada pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), que está suspensa até 30 de janeiro, dia em que haverá uma nova reunião negocial entre os sindicatos e o Governo.

LUSA

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