11 Mai, 2018

SIM alerta que quase todos os oncologistas formados no ano passado foram trabalhar para o privado

Contudo, Roque da Cunha, garante que nenhuma cirurgia urgente foi adiada. O presidente da FNAM acusa o Ministério da Saúde de ser responsável pela falta de médicos devido a uma “gestão desastrosa em relação à colocação de médicos” e à falta de “motivação para colocar as pessoas em zonas carenciadas”.

O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, alertou ontem para a contratação privada de “12 dos 14 recém-especialistas” em oncologia, mas garantiu que “nenhuma cirurgia oncológica urgente foi adiada”.

“No ano passado, dos oncologistas que se formaram, recém-especialistas, o Serviço Nacional de Saúde contratou dois. Eram 14, 12 foram para a privada. Nós temos a certeza que nenhuma cirurgia oncológica urgente foi adiada, aliás, os médicos são das poucas profissões que têm os serviços mínimos perfeitamente organizados”, afirmou o secretário-geral do SIM.

Roque da Cunha apelou também para que “não se confundam recém-licenciados com médicos especialistas”, referindo-se às declarações do primeiro-ministro, António Costa, no parlamento.

“O que nos preocupa são os dois anos de espera por consultas e cirurgias e o senhor primeiro-ministro dizer ontem [quarta-feira], no parlamento, que nunca houve tantos médicos como agora”, disse.

O presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), João Proença, acusou o Ministério da Saúde de ser responsável pela falta de médicos devido a uma “gestão desastrosa em relação à colocação de médicos” e à falta de “motivação para colocar as pessoas em zonas carenciadas”.

“Não abrem concursos, não utilizam bem o orçamento público em benefício do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente dos doentes e dos médicos. Se no Hospital de Santa Maria o serviço de oncologia tem poucos médicos, imagine o que acontece nos hospitais gerais, de Portalegre, de Beja, Setúbal, Guarda ou Viseu”, afirmou.

Roque da Cunha e João Proença falavam durante a conferência de imprensa convocada pela FNAM e pelo SIM no último dia, de três, da greve nacional dos médicos.

A greve nacional de médicos teve início às 00:01 de terça-feira e termina às 23:59 de hoje, uma paralisação que os sindicatos consideram ser pela “defesa do Serviço Nacional de Saúde”.

A reivindicação essencial para esta greve de três dias é “a defesa do SNS” e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação.

A paralisação nacional afeta sobretudo consultas e cirurgias programadas, estando contudo garantidos serviços mínimos, como as urgências, tratamentos de quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia, ou cuidados paliativos em internamento.

LUSA

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