Puberdade precoce nas raparigas pode estar ligada ao excesso de peso das mães na gravidez

Um novo estudo americano concluiu que raparigas com mães que tiveram excesso de peso ou obesidade durante a gravidez estão propensas a iniciar a puberdade mais cedo.

O grupo de investigadores analisou relatórios clínicos de 15.267 pares de mãe-filha, entre 2003 e 2017, de forma a verificar se existia relação entre a massa corporal das mães na gravidez e o tempo em que as filhas iniciaram a puberdade, bem como perceber de que forma esse fator pode variar consoante a etnia, idade da mãe, educação e tabagismo durante a gravidez.

A equipa de investigação conclui que, no geral, as raparigas com mães que foram obesas durante a gravidez estavam mais propensas em 39% a desenvolver os seios mais cedo, nomeadamente, sete meses antes do normal, em comparação com outras jovens cujas mães tiveram um peso normal.

No caso de filhas com mães que tiveram apenas excesso de peso, e não obesidade, as filhas estavam mais propensas ao desenvolvimento precoce dos seios em 21%. Este fator também se verificou nas jovens com mães que tiveram pressão arterial alta durante a gravidez.

A relação com a etnia foi notória no que diz respeito ao aparecimento dos pelos púbicos. As raparigas caucasianas e asiáticas com mães obesas na gravidez foram as que desenvolvem esta característica mais cedo do que as restantes. Contudo, nas mesmas condições, as afro-americanas e hispânicas verificaram o crescimento dos pelos púbicos muito mais tarde.

“Sabe-se que a obesidade durante a gravidez ou o excesso de peso gestacional podem levar a complicações na gravidez, bem como a resultados (negativos) no nascimento e obesidade infatil”, afirma o autor principal do estudo Dr. Ali Kubo do Kaiser Permanente Northen California Division of Research em Oakland, EUA, citado pela agência Reuters.

“Os nossos estudos ampliam o conhecimento prévio que mostra que a obesidade e a pressão arterial alta podem influenciar o timing da puberdade”, acrescenta. Em declarações à Reuters, o especialista referiu que “a idade jovem na puberdade nas raparigas está associada a numerosos resultados adversos a nível emocional e comportamental, incluindo um risco elevado de ansiedade, depressão, insatisfação corporal, início precoce da sexualidade e gravidez na adolescência e, a longo prazo, risco de problemas cardíacos, mortalidade por todas causas, e cancro de mama e no sistema reprodutor”.

Ainda que este estudo não comprove a relação direta entre a obesidade ou excesso de peso durante a gravidez com a puberdade precoce nas raparigas é, sem dúvida, um ponto de partida para focar as atenções ainda mais nas complicações que podem surgir não só para a mãe, mas também para o feto, a curto e longo prazo.

O estudo foi publicado no American Journal of Epidemiology.

Fonte: Reuters

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