Por um envelhecimento saudável na comunidade

Para a Organização Mundial de Saúde (https://www.who.int/ageing/global‑strategy/en/), viver em ambientes que preservem e promovam a capacidade funcional dos indivíduos é a chave para um envelhecimento saudável. A promoção de um envelhecimento saudável e a construção de sistemas sociais e de saúde para atender às necessidades das pessoas idosas são investimentos sólidos para um futuro onde as pessoas mais velhas deverão ter a liberdade de ser e de fazer aquilo que pretendem e que valorizam.

No World Report on Ageing and Health de 2015 (https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/186463/9789240694811_eng.pdf?sequence=1), as estratégias de ageing in place (envelhecimento em casa e na comunidade)enquadram‑se num programa global de ação que visa combater o declínio da capacidade funcional, declínio este que suscita a necessidade de as pessoas idosas efetuaremmodificações nas suas condições de vida para as ajustarem às suas reais capacidades.

Assim, decidindo onde pretendem viver à medida que envelhecem, as pessoas poderão fazer opções baseadas nas vantagens que um meio já conhecido lhes garante, associando a autonomia à segurança que um local familiar geralmente garante. A existência de um ambiente amigável à sua volta favorece a mobilidade e permite às pessoas envolverem‑se mais facilmente em atividades básicas, como ir às compras ou à farmácia.

Ageing in place pode também visto como a opção mais vantajosa em termos de prestação de cuidados de saúde, podendo ser facilitada pela introdução de tecnologias que permitam monitorizar a segurança das pessoas e que promovam a comunicação e o envolvimento social.
Alinhadas com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, a Organização Mundial de Saúde propôs Dez Prioridades para uma Década de Ação (2020‑2030) em prol de um Envelhecimento Saudável (https://www.who.int/ageing/10‑priorities/en/), através das quais sugere propostas de ação concretas e necessárias para se alcançarem os objetivos da Estratégia Global e do Plano de Ação sobre ‘Envelhecimento e Saúde’.

Assim, para que o envelhecimento saudável se torne uma realidade global, será necessário: (i) Criar plataformas de inovação e mudança, ligando pessoas e ideias originárias de todo o mundo; (ii) Desenvolver políticas nacionais que permitam às pessoas viverem uma vida longa e saudável; (iii) Reunir, recolher e tratar dados – precisos, atualizados e significativos – sobre o envelhecimento, designadamente, sobre envelhecimento ativo e saudável; (iv) Promover a realização de estudos cientificamente sustentados que respondam às necessidades das pessoas idosas; (v) Desenvolver sistemas de saúde que respondam efetivamente às necessidades das pessoas idosas; (vi) Estabelecer as bases para um sistema de cuidados continuados de longa duração (long term care), onde idosos (e prestadores de cuidados) possam receber o cuidado e o apoio de que precisam para viver com dignidade e usufruir direitos humanos básicos; (vii) Garantir os recursos humanos necessários para o atendimento integrado em serviços de saúde e de cuidados de longa duração; (viii) Empreender uma campanha global para combater o “idadismo”; (ix) Obter uma melhor compreensão dos custos e oportunidades do envelhecimento saudável (ponto de partida para respostas sustentáveis, equitativas e eficazes); (x) Desenvolver uma rede global de cidades e comunidades amigas das pessoas idosas, que lhes permitam envelhecer nas suas casas e comunidades até ao fim das suas vidas se assim o desejarem.

É precisamente alicerçada nesta última prioridade que encontramos razões que justificam a pertinência do ageing in place enquanto estratégia global orientada para se privilegiar, efetivamente, um envelhecimento em casa e na comunidade que sustente um tão desejado – e necessário –  envelhecimento saudável.