Pneumologistas defendem criação de um rastreio nacional ao cancro do pulmão

Um programa de rastreio poderia reduzir em 20% a mortalidade por cancro do pulmão, adianta a pneumologista Gabriela Fernandes. A doença mata cerca de 4800 portugueses todos os anos.

As Sociedades Portuguesas de Pneumologia e de Radiologia querem avançar com o rastreio de base populacional ao cancro do pulmão em Portugal e estão a preparar um projeto-piloto, que vai conter uma análise de custo-efetividade, para apresentar ao Ministério da Saúde e a outras entidades competentes e que deverá estar concluído no final de 2022.

“É necessária a implementação de um programa nacional de rastreio, pois estes programas, em populações de maior risco, ou seja, fumadores, demonstraram reduzir em cerca de 20% a mortalidade por cancro do pulmão”, defende a pneumologista Gabriela Fernandes, Coordenadora da comissão de trabalho de Pneumologia Oncológica da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP).

No entanto, a especialista ressalva que a prevenção primária do consumo de tabaco continua a ser “a medida mais significativa conduzindo, as medidas antitabágicas mais restritivas, a uma redução do consumo e, por conseguinte, a uma redução da incidência e mortalidade por cancro do pulmão”.

Já em maio o diretor do Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar Universitário de São João, Venceslau Hespanhol, defendia também, em declarações ao SaúdeOnline, a importância de implementar um programa de rastreio “Defendo um rastreio de base populacional ao cancro do pulmão. Terá de ser o serviço público a convidar a população, a dar essa possibilidade”, referia o também ex-presidente da SPP. Assim, na opinião do especialista, é necessário “criar um serviço de rastreio, fora dos hospitais” que se dedique ao rastreio, serviço esse que teria de contar com uma alargada divulgação junto da população de risco (fundamentalmente, fumadores e ex-fumadores com mais de 50 anos), nomeadamente por parte dos cuidados de saúde primários, mas não só, sublinha o pneumologista.

“Temos de publicitar o rastreio, divulgando junto da população que existe a possibilidade de uma forma voluntaria, os fumadores ou ex-fumadores fazerem uma TAC de baixa dose, sem contraste”, explica Venceslau Hespanhol. Se não houver indícios de cancro, o exame irá ser  repetido cada ano. Se houver lesão suspeita, o doente é remetido para o pneumologista.

No que diz respeito à prevenção do cancro do pulmão, “está provado que quem tem os fatores de risco beneficia com o rastreio regular”, uma vez que fica facilitado o diagnóstico precoce de eventuais lesões, o que melhora o prognóstico e diminui a mortalidade aos cinco anos.

A principal causa associada a esta doença é o consumo de tabaco, sendo responsável por 85% dos casos, existindo, no entanto, “outros fatores associados como o envelhecimento da população, exposições ocupacionais, poluição, nutrição, infeções e fatores genéticos”, como explicam Gabriela Fernandes e Margarida Dias da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP).

SO/COMUNICADO

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