30 Mai, 2025

Ordem dos Médicos exige correções no sistema de resposta às listas de espera

A Ordem dos Médicos (OM) vai pedir, formalmente, ao Ministério da Saúde para participar no Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), exigindo correções.

Ordem dos Médicos exige correções no sistema de resposta às listas de espera

O anúncio do bastonário da Ordem dos Médicos surge na sequência de várias notícias veiculadas esta semana sobre alegados “desvios éticos” no Serviço Nacional de Saúde (SNS), como o caso do dermatologista, da ULS Santa Maria, em Lisboa, que terá recebido 51 mil euros em apenas um dia de trabalho a realizar cirurgias.

“A Ordem dos Médicos vai remeter um novo documento ao Ministério da Saúde e à ACSS [Administração Central do Sistema de Saúde] e pedir formalmente a nossa participação integral no sistema de resposta às listas de espera. Exigimos as correções que se impõem, mas assumimos também o nosso papel na construção das soluções”, afirmou.

Segundo o bastonário, o SNS é um “património coletivo que importa preservar, valorizar e fortalecer” e “não é aceitável” que os episódios da última semana “obscureçam o valor, a entrega e a honra dos médicos”.

Carlos Cortes recordou que alertou a ACSS e o Ministério da Saúde, num ofício remetido em 11 de junho de 2024, para incongruências, perda de informação, disparidades nos valores dos atos cirúrgicos, que têm sido sinalizadas à tutela pelo menos desde 2019.

Se os alertas da OM tivessem sido considerados, hoje não estaríamos seguramente nesta situação. Os programas do combate às listas de espera de cirurgia e consultas são absolutamente essenciais para as respostas às necessidades dos doentes e devem ser mantidos”, ressalvou.

Para isso, o responsável enumerou cinco pontos a serem considerados para “uma mudança profunda” do SIGIC, como verificações independentes que assegurem que os atos médicos registados correspondem à realidade clínica, sistemas de alerta centralizados na Direção-Executiva do SNS, controlo externo regular e relatórios públicos de auditorias, avaliação rigorosa dos resultados produzidos com indicadores de efetividade clínica e inclusão formal da OM em todo o processo.

“A exclusão sistemática da OM nestes processos, desde sempre, é estranha e não tem qualquer justificação. Afastar das decisões quem melhor conhece a realidade clínica é desperdiçar conhecimento e assumir riscos desnecessários cujas consequências estão à vista”, acrescentou.

O bastonário reforçou que a OM “tem peritos em todas as especialidades”, uma “característica que o Ministério da Saúde e os demais organismos do Ministério da Saúde não têm”.

“A OM tem distribuído por todo o país sensivelmente mais de 900 peritos em todas as especialidades, em todas as áreas que são dos colégios das especialidades, das subespecialidades e também das competências e que estão disponíveis para fazer esse escrutínio, para ajudar a ter um programa mais robusto, mais responsivo do ponto de vista de transparência”, vincou.

O responsável lamentou ainda o impacto negativo que os casos que colocam em causa a ética clínica têm na sociedade.

“Se os portugueses não têm acesso aos cuidados de saúde, a não ser no SNS, não têm confiança no seu sistema, obviamente, os nossos indicadores de qualidade em saúde vão diminuir, vão degradar-se e as pessoas vão ficar por tratar e OM não quer isso”, sublinhou.

LUSA

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