26 Abr, 2023

Ordem alerta para “fraca integração” dos cuidados primários nas Unidades Locais de Saúde

O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, considera que o modelo Unidade Local de Saúde (ULS) que tem vindo a ser implementado tem “características demasiado ‘hospitalocêntricas’ e 'urgenciocêntricas'".

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) alerta para aquilo que considera ser uma “fraca integração dos cuidados de saúde primários” nas ULS e defendeu a valorização das vertentes de Medicina Familiar e Saúde Pública.

A Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) anunciou que as regiões Norte e Lisboa e Vale do Tejo vão ter mais sete novas ULS, passando a totalizar 27 no país que assegurarão respostas em saúde a mais de metade da população.

Em declarações à agência Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos afirmou que “a criação das novas ULS não é, necessariamente, uma boa notícia”, manifestando preocupação sobre a forma como estas unidades têm vindo a ser criadas e a funcionar. “Não é um modelo que tenha dado provas de ser eficiente e há aspetos que têm preocupado a Ordem dos Médicos”.

De acordo com o bastonário, e olhando para as unidades já em funcionamento, existe “um desequilíbrio” e as ULS funcionam mais como um “modelo de captação dos cuidados de saúde primários para os cuidados hospitalares”, em que a Medicina Geral e Familiar é desvalorizada e o papel da Saúde Pública não é “minimamente considerado”. “Há uma necessidade de correção da trajetória que a DE-SNS está a tomar, valorizando mais estes dois aspetos importantíssimos”, sublinhou.

A posição da Ordem vai ser transmitida ao diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, numa reunião na sexta-feira, com Carlos Cortes a defender uma “verdadeira integração com os cuidados de saúde primários e continuados”. O bastonário propõe também que os conselhos de administração das ULS passem a integrar um médico da Medicina Geral e Familiar, bem como um médico de Saúde Pública.

“Todos têm de estar representados de forma equilibrada, para que não haja o predomínio de um sobre os outros. Porque, se for assim, as ULS não vão funcionar, como, aliás, a esmagadora maioria, neste momento, não está a funcionar”, alertou.

Por outro lado, Carlos Cortes lamentou ainda que as novas unidades tenham vindo a ser anunciadas de forma faseada, acrescentando: “Ainda não sabemos muito bem se é para cobrir todo o território ou não”.

As novas unidades vão reforçar os cuidados de saúde nas regiões Norte – irão ser constituídas as ULS de São João, Vila Nova de Gaia/Espinho, Barcelos, Dão Lafões (Tondela e Viseu) e do Baixo Mondego (Figueira da Foz) -, e na região de Lisboa e Vale do Tejo, com as unidades locais de Saúde do Estuário do Tejo (Vila Franca de Xira) e do Médio Tejo.

O Serviço Nacional de Saúde passará a dispor assim de 27 Unidades Locais de Saúde, que irão assegurar respostas em saúde a mais de 50% da população portuguesa.

LUSA

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