25 Nov, 2019

Obrigar jovens médicos a ficar no SNS é “erro que pode ter custos imprevisíveis”

Bastonário dos Médicos voltou a sublinhar que jovens médicos "não devem nada ao Estado". Juramento de Hipócrates, no Porto, não contou com a presença com a ministra da saúde.

Este domingo, realizou-se mais uma sessão do juramento de Hipócrates, desta vez no Porto. Com a ordem do dia a ser dominada pelo tema da vinculação dos médicos recém-especialistas ao SNS, Miguel Guimarães voltou a deixar recados à ministra da Saúde, à semelhança do que já tinha acontecido sexta-feira, na cerimónia da Covilhã.

“É um erro terrível que pode ter custos imprevisíveis”, avisou o bastonário, referindo à eventual obrigatoriedade de os jovens médicos permanecerem no SNS por um determinado período de tempo. Miguel Guimarães diz que se trata de uma ideia “peregrina” e “disparatada”. “As agressões reiteradas ao trabalho imenso dos médicos são perigosas e podem gerar uma revolta da classe e até do país”, avisa.

Tal como já tinha acontecido na Covilhã, o bastonário sublinhou que os jovens médicos “não devem nada ao Estado”, lembrando que, durante o internato, fazem horários de 40 horas mas cumprem muitas mais sem receberem nada.

“Os médicos naturalmente gostam do SNS, se lhes forem dadas as condições adequadas para exercerem a sua profissão com qualidade não tenho dúvidas que a grande maioria deles fica a trabalhar no serviço público”, apontou. Para Miguel Guimarães, essas condições passam pela valorização dos profissionais, pela existência de meios técnicos e humanos e pela segurança e tranquilidade “que atualmente falta”.

A cerimónia, que decorreu no Coliseu do Porto, ficou também marcada pela ausência da ministra da Saúde.

Marta Temido não compareceu nem se fez representar, o que motivou duras críticas por parte do presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos. António Araújo entende a atitude da ministra como um sinal de “desprezo” e “desinteresse” pelos jovens médicos e classifica como “populista” a proposta de obrigar os clínicos a ficarem vinculados ao SNS.

TC/LUSA

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