16 Mai, 2018

No dia do Euromelanoma saiba quais os cuidados que deve ter com a sua pele

Com a chegada do verão é importante relembrar os cuidados a ter com a exposição solar. Em entrevista ao SaúdeOnline, no âmbito do Dia do Euromelanoma, a oncologista Ana Raimundo deixa as suas recomendações e explica um pouco mais sobre este tipo de cancro cutâneo.

O que distingue o Melanoma dos outros tipos de cancro de pele?

O Melanoma desenvolve-se a partir da célula que produz a melanina e é um tumor menos frequente, associado a uma percentagem abaixo dos 10% nos tumores da pele. É a forma mais agressiva, representando quase 90% das mortes por cancro cutâneo, ao contrário dos outros que são o carcinoma baso-celular e o espino-celular.

Para além da exposição solar, que outros fatores de risco podem estar associados?

A exposição às radiações UV nos solários e a história familiar. Se houver familiares com antecedentes de melanoma, é maior a probabilidade de vir a desenvolver a doença. A tendência para o aparecimento de muitos sinais na pele constituí também um fator de risco.

Qual é a incidência em Portugal?

A incidência de novos casos é cerca de 900 a 1000 casos por ano.

Existem dados que permitam comparar a realidade portuguesa com a de outros países?

Em Portugal, a taxa de incidência anda à volta dos 8 ou 8.5 por 100 mil habitantes face a uma taxa de 12 por 100 mil habitantes em alguns países do Norte da Europa, o que significa que não é tão elevada em relação a alguns países europeus.

E quais os ganhos resultantes de um diagnóstico precoce?

O diagnóstico precoce do melanoma é muito importante por ser um tumor muito agressivo. Se for diagnosticado e removido cirurgicamente precocemente, a possibilidade de curar é muito superior. Daí a importância de as pessoas estarem atentas à sua pele e aos fatores de risco.

E qual é o tratamento?

O tratamento base é a remoção cirúrgica. Muitas vezes só é necessário remover o sinal e, depois da confirmação de que é melanoma, fazer o alargamento das margens de segurança e faz-se, muitas vezes, a biópsia do gânglio sentinela, que é o que drena a área da pele onde estava localizado o sinal que se removeu. Em muitas situações, o tratamento fica por aqui.

Tem-se falado muito sobre a imunoterapia como forma de tratamento. Quais são os benefícios?

A imunoterapia é um tratamento que atua sobre as células do sistema imunitário do doente, estimulando estas células a reconhecerem e a destruírem as células do melanoma. Ao contrário da quimioterapia que atua diretamente nas mesmas.

Outro benefício é a memória. Ou seja, estas células do nosso sistema imunológico ficam com a memória de que aquelas células são estranhas e no futuro poderão proteger o organismo se voltarem a aparecer. Portanto, este é uma das grandes vantagens da imunoterapia, que é manter uma resposta de longa duração.

Contudo, não funciona em todos os doentes. Temos verificado que nos casos de melanoma avançando atua em cerca de 30% a 40% dos casos.

O que devemos fazer perante o aparecimento de sinais na pele e como os podemos identificar?

Se houver um sinal novo que é muito escuro, ou não sendo muito escuro, mas que está a crescer rapidamente, que causa dor ou hemorragia, nesses casos, a pessoa deve de imediato dirigir-se ao seu médico ou dermatologista para fazer a sua análise e excisão.  O mesmo aplica-se no caso de se tratar de uma lesão que já estava na pele, mas que apresenta estas características.

Com a chegada do verão, quais as suas recomendações relativamente à exposição solar?

As pessoas devem de se lembrar que o principal fator de risco é a exposição às radiações UV, mas que essa exposição não está apenas na praia. Também podem surgir no campo, em atividades ao livre e caminhadas.

Devem evitar a exposição ao sol nas horas de maior intensidade que correspondem ao chamado “meio dia solar”, que é entre as 12h às 16h. Portanto, se as pessoas vão fazer alguma atividade de lazer nesse período devem colocar protetor solar de fator 30 ou mais, usar chapéu, usar uma camisola manga comprida para proteger os braços e óculos de sol.

No caso de estar na praia ou ir para a piscina, deve colocar o protetor antes e ir renovado de 2 em 2 horas, mesmo que seja à prova de água, uma vez que acaba por perder a sua capacidade de proteção.

Quais são os grupos de risco?

Os conhecidos como “os que nunca ficam morenos” que são os ruivos, com muitas sardas e com a pele muito clara, são os que têm maior risco. Depois existem os intermediários que são loiros, mas que não têm muitas sardas e que já se conseguem bronzear um bocadinho, mas mesmo esses estão em risco. Os morenos, que até se bronzeiam, mas que não se devem esquecer que se apanharem escaldões estão em risco e que esse bronzeado deve ser progressivo e com proteção adequada. Depois temos a raça negra que está naturalmente protegida das radiações UV.

E relativamente à idade e ao género?

Em relação às crianças até a um ano, os dermatologistas defendem que não devem ir à praia, porque a sua capacidade de proteção às radiações UV é tão baixa que é preciso ter muito cuidado.

Quanto ao género parece que existe incidência superior nas mulheres, por norma aparece mais nos membros inferiores, nomeadamente nas pernas, e nos homens aparece mais no tronco.

O que gostaria de destacar relativamente à sensibilização do Dia do Euromelanoma?

O mais importante a reter é que as pessoas estão informadas. Penso que realmente esta informação é muito veiculada e repetida.  Existe a necessidade de cada um ser responsável e lembrar-se destas informações e saber que isto não acontece só aos outros, que pode acontecer a nós. Mas que está nas nossas mãos protegermo-nos e evitarmos que o melanoma possa ser um diagnóstico.

SO

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