20 Fev, 2019

Na OCDE, só a Estónia paga pior aos enfermeiros

Em paridade do poder de compra, Portugal só fica à frente da Estónia, num conjunto de 15 países. E, mesmo na comparação em euros, é o quarto pior. OCDE alerta para a escassez de profissionais.

Os enfermeiros que trabalham em hospitais públicos têm dos salários médios mais baixos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), segundo o Jornal de Negócios. São 1285 euros brutos, o que, descontando os impostos e as contribuições, resulta num salário líquido abaixo dos mil euros mensais.

Em 2017, os salários médios dos enfermeiros dos hospitais públicos totalizavam 17924 euros anuais, incluindo subsídios de férias e de Natal.

Em paridade do poder de compra, Portugal só fica à frente da Estónia. Significa isto que, tendo em conta o custo de vida, os enfermeiros portugueses são os segundos mais mal pagos. Em termos de rendimento em euros, Portugal é o quarto pior. Atrás só estão a Turquia (15478), a Estónia (15453) e o México (13517).

A análise aos rendimentos dos enfermeiros enquadra-se na divulgação de um conjunto de indicadores na área da saúde feito pela OCDE em 26 dos 36 países que compõem a organização. Os dados referem-se, neste caso, ao ano de 2017, o primeiro sem cortes salariais para os trabalhadores da função pública. Contudo, nesse ano, a OCDE só conseguiu recolher dados remuneratórios de 15 países.

Contudo, o valor anual apurado pela OCDE não engloba os rendimentos adicionais, como o pagamento de horas noturnas, fins de semana e bónus ou horas de trabalho suplementar, muito comuns na profissão. Para além disso, a análise engloba todas as categorias e escalões da profissão de enfermagem (à exceção dos enfermeiros-chefe).

Na categoria de enfermeiros, existem 11 posições remuneratórias, segundo o Negócios. Para o ínicio da carreira está prevista uma remuneração de 1201 euros, que vai aumentando até aos 2900 euros do último escalão.

Faltam enfermeiros

A OCDE também alerta para o que considera ser a carência de enfermeiros em Portugal. Apesar de admitir que, na última década se registou um aumento do número destes profissionais, a organização diz que “a escassez persiste”. A OCDE mostra-se também preocupada com a redução do número de licenciados nos últimos anos.

Em 2017, um estudo feito pela OCDE a nível europeu, indicava que Portugal tinha 6,3 enfermeiros por cada mil habitantes, uma média inferior à europeia (8,4). Só Espanha, Itália, Eslovénia, Bulgária e Chipre apresentavam então rácios mais baixos.

Tiago Caeiro

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