20 Ago, 2021

Médicos de Saúde Pública defendem que uso de máscara deve passar a depender do contexto

“Num contexto de maior concentração, a máscara continua a fazer sentido, continua a permitir reduzir a disseminação se houver proximidade”, declarou Ricardo Mexia.

O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Ricardo Mexia, defendeu ontem que o uso de máscara “pode continuar a fazer sentido”, apesar de Portugal ter atingido a meta dos 70% de população vacinada contra a covid-19, como foi anunciado por Marta Temido.

Ricardo Mexia, em declarações à agência Lusa, afirmou que a lei que impõe a obrigatoriedade do uso de máscara até 12 de setembro deve cair perante os 70% de cidadãos vacinados. No entanto, o especialista em Saúde Pública defendeu que a utilização de máscara deve “depender do contexto” em que as pessoas se encontrem e que, na eventualidade de uma maior aglomeração, continua a ser recomendável a adoção deste equipamento de proteção individual.

“Num contexto de baixa densidade, em que as pessoas conseguem manter as distâncias, talvez a máscara no exterior possa não ser imprescindível. Agora, num contexto de maior concentração, a máscara continua a fazer sentido, continua a permitir reduzir a disseminação se houver proximidade. Sabemos que no exterior isso é sempre menor do que no interior, mas, havendo proximidade, pode continuar a fazer sentido”, salientou.

Ricardo Mexia notou que a obrigatoriedade “é mais uma questão normativo-jurídica e não tanto uma questão técnica” e enfatizou que a máscara “não impede” as pessoas de realizarem um grande conjunto de atividades. “Não há propriamente uma grande limitação que nos é imposta; permite-nos estar nos sítios e participar nas atividades, reduzindo o risco de transmissão da doença”, frisou.

Confrontado com a aproximação do período de outono-inverno e a possibilidade de levantamento da obrigação do uso de máscara, Ricardo Mexia recordou que “houve vários países que, independentemente da época, acabaram por retomar a utilização da máscara”, devido a um aumento do número de casos de infeção por SARS-CoV-2, mas disse preferir apontar para a necessidade de repensar o paradigma de monitorização da covid-19.

“Em breve vamos ter de mudar a forma de abordar a doença. Até agora – fruto da menor cobertura vacinal – estávamos muito apostados em identificar todos os casos de infeção, mas, eventualmente, vamos ter de evoluir para nos preocuparmos mais com os casos de doença”, disse, considerando que “a abordagem tem de ser integrada”.

SO/LUSA

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