Mário Moura realça importância da ligação entre cuidados primários e hospitalares

Hoje com 95 anos, recorda como a iniciativa começou quando era diretor dos Serviços Médico-Sociais das Caixas de Previdência de Setúbal.  Mas o “grande mérito” vai, na sua opinião, para Manuel Carrageta. “Admiro a sua  persistência em manter e melhorar sempre cada vez mais este evento que ele fez questão de ser sempre com os médicos de família e não para médicos de família.”

O especialista aponta, em entrevista ao SaúdeOnline, que, “contrariamente ao que era habitual à época, o jovem cardiologista Manuel Carrageta não olhava para a Clínica Geral – ainda não era especialidade – como se fossem os colegas que não tinham conhecimentos.” Por outras palavras, “sempre defendeu que os cuidados de saúde primários (CSP) estão em pé de igualdade com os hospitais”.

Desta forma, acrescenta, foi possível “criarem-se também organismos que muito vieram a dar à prevenção e ao tratamento das doenças cardiovasculares”, como foi o caso do Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva, de Fernando de Pádua, recentemente falecido.

Quanto à hipertensão e à diabetes mellitus é com tristeza que Mário Moura vê o impacto que estas patologias ainda têm na população portuguesa. “É muito importante a sua prevenção, tratamento e controlo, porque aumentam de facto o risco de acidentes cardiovasculares.” “É uma preocupação constante, sobretudo depois da pandemia, porque muitos doentes não foram diagnosticados ou não se deu o acompanhamento adequado, já que os médicos de Medicina Geral e Familiar foram obrigados a estar 2 anos seguidos a dar apoio, por telefone, a doentes com covid-19, não graves.”

Espera assim que estas Jornadas possam “reavivar o interesse por estes fatores de risco, atualizando-se conhecimentos que podem fazer a diferença.”