Maior evento sobre longevidade do mundo reúne cientistas e investidores em Portugal
O evento vai reunir alguns dos “maiores especialistas de renome internacional” nas áreas da saúde e investigação, englobando setores como o turismo de saúde, biotecnologia, medicina de precisão, medicina regenerativa e inteligência artificial.
Cientistas de renome mundial e investidores com 10.000 milhões de euros disponíveis para aplicar em medicina da longevidade participam a 04 e 05 de maio, em Cascais, na primeira edição daquele que é apresentado como “o maior evento do mundo na área”.
Em entrevista à agência Lusa, o responsável pela organização da Longevity Med Summit, Jorge Lima, avançou que o evento reunirá, entre os “mais de mil” participantes, alguns dos “maiores especialistas de renome internacional” nas áreas da saúde e investigação, englobando setores como o turismo de saúde, biotecnologia, medicina de precisão, medicina regenerativa e inteligência artificial.
A escolha de Portugal para acolher a primeira edição do encontro – sendo que a organização estabeleceu já uma parceria até 2025 com a Câmara Municipal de Cascais (distrito de Lisboa) – é justificada com “a realidade e o ecossistema” do país, que “está a crescer muito nesta área da longevidade”.
“É um mercado, embora pequeno, muito interessante, tendo em conta o envelhecimento da sua população [a esperança média de vida é superior a 80 anos e 23% da população é idosa, segundo dados de 2021 do Instituto Nacional de Estatística] e toda a atual estrutura do setor da indústria da saúde está interessado em desenvolver cada vez mais a área da medicina da longevidade”, explicou Jorge Lima.
Segundo o responsável, oriundo de São Paulo e fundador da Unipeer Solutions, “há muito interesse de investidores internacionais nesta área em Portugal”, já que o país “tem boas empresas na área de biotecnologia de ponta, que já atuam há uns bons anos sobretudo no Centro e no Norte”, e “existe todo um ecossistema que é apoiado por institutos, universidades e aceleradores”.
“Ou seja, existe já um ecossistema natural, que tem um olhar muito forte na área da longevidade”, enfatizou.
A nível global, Jorge Lima destaca a forte evolução deste mercado que, “nos últimos dois anos, recebeu diretamente mais de 5.200 milhões de dólares [cerca de 4.691 milhões de euros] em investimentos diretos nas pequenas e médias empresas e, sobretudo, nas novas ‘startups’ surgiram nos últimos cinco anos”, e que “vai continuar a crescer de forma exponencial até 2030”.
“Hoje há não só fundos de investimento, como também grandes empresas e laboratórios que estão altamente focados no desenvolvimento deste mercado e têm todo o interesse em investir. Até 2020, este mercado já apontava números na ordem de 44.000 milhões de dólares [39.698 milhões de euros] em todo o mundo e vai continuar a crescer. Estamos a projetar um crescimento do mercado na ordem dos 43.000 milhões dólares [38.796 milhões de euros] até 2030”, precisou.
Conforme explicou, quando se fala em “mercado da longevidade” estão em causa desde terapias na área da genética ou da imunoterapia, como o desenvolvimento de novas drogas e de terapias, por exemplo, para diminuição de radicais livres e outras células diretamente ligadas ao envelhecimento.
Além de permitir o debate em torno da ciência do envelhecimento, de terapias regenerativas e de longevidade, com o objetivo de melhorar a saúde e o bem-estar, a Longevity Med Summit 2023 propõe-se “revelar os principais desafios que limitam o desenvolvimento dessas terapias” e ainda oferecer aos participantes novas oportunidades de negócio, ‘networking’ com potenciais investidores, conferências, ‘innovation pitches’ [apresentações] e ações de ‘mentoring’.
“A Longevity Med Summit engloba uma diversidade de setores e áreas de atuação que vão desde a saúde, nutrição, farmacologia, inteligência artificial, medicina de longevidade, digitalização a setores como a economia, políticas públicas, turismo ou educação”, destaca a organização.
Assim, presentes estarão investidores na área das biotecnologias – sobretudo biotecnologias direcionadas para a área da medicina de longevidade ou medicina regenerativa – provenientes de países como Israel, Estados Unidos (nomeadamente da Califórnia), Reino Unido ou Singapura.
“Vão estar cá os executivos e os ‘managers’ desses fundos de investimento, que virão a Portugal buscar não só novas oportunidades, como também tratar diretamente com os próprios cientistas de oportunidades em novas tendências e novos mercados para aportar aos seus investimentos nessas áreas”, explicou Jorge Lima.
Segundo salientou, trata-se de investidores “altamente especializados e conhecedores do mercado”, embora “grande parte ainda não conheça o ecossistema português”: “Será a primeira vez que virão a Portugal com o objetivo diretamente de investimento. Vão aproveitar para conhecer as empresas locais que estarão presentes e participar nas ‘pitches’ [apresentações curtas] que serão realizadas por essas pequenas empresas, muitas das quais são ‘startups’, para tomarem conhecimento do seu modelo de negócio”, disse.
“Se houver por parte dos investidores a perceção de que há alguma tecnologia que seja inovadora, que tenha uma solução bem desenvolvida e que é uma oportunidade, sem dúvida que vão investir nessas empresas”, antecipou.
De acordo com a organização, entre os oradores presentes na Longevity Med Summit estarão médicos, cientistas e investigadores como Shai Efrati, da Sagol School of Neuroscience da Tel Aviv University, em Israel, apresentando como “um dos principais cientistas de pesquisa em medicina hiperbárica do mundo”, Charles Brenner, presidente da Alfred E Mann Family Foundation (Departamento de Diabetes e Metabolismo do Cancro) no City of Hope National Medical Center, nos EUA, e “responsável por diversas pesquisas sobre a correlação do metabolismo, a diabetes e o aparecimento de doenças cancerígenas”.
Outros dos participantes serão Andrea B. Maier, professora de Medicina na Universidade Nacional de Singapura, investigadora na área da gerontologia e prevenção de doenças relacionadas com a idade e responsável por diversas pesquisas na área da saúde do envelhecimento e demência; Gordan Lauc, professor de Bioquímica e Biologia Molecular na Universidade de Zagreb, Croácia, e diretor do Centro Nacional de Excelência Científica em Saúde Personalizada; e Aubrey de Grey, cientista inglês e biomédico gerontologista, diretor da fundação SENS e autor da teoria do envelhecimento causado por radicais livres mitocondriais e do livro “Ending Aging”.
LUSA
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