Lápis azul: A história e a memória
Os Povos e as Nações sempre foram agentes de disputa e de múltiplas cegueiras, ódios e confrontos e a História está repleta de disputas e loucuras, muitas das quais pagas a peso de muitas vidas e sofrimento.
Em boa parte porque a memória se perde e fica curta, em outra dimensão porque os seus líderes se cegam pelo poder e por ideais ou irrealistas ou expansionistas ou revisionistas.
O que hoje é bom e idolatrado vai ser amanhã esquecido e ultrajado, abrindo portas e janelas a reversões e transformações que mais não são do que conservadorismos bolorentos e perigosos, quer pela delapidação dos recursos, quer pela negligência do que é a evolução e transformação do mundo que se opera à nossa volta.
A ignorância e o desconhecimento da História conduziu-nos a fenómenos Trump e quejandos e o mundo assiste a esse cretino e outros cretinos, dentro e fora de portas, vociferarem diatribes como aquela de qualificar países soberanos como “países de merda” por serem fornecedores de migrantes incultos e atrasados!
A prepotência e a superioridade de Trump não é diferente da de outros, por cá também, que se assumem pelo discurso igualmente convictos de que são o centro único da verdade e da razão.
Em todo o presente há sempre um passado que não se pode, nem deve apagar, porque existiu e porque a autoflagelação parece demasiado primária.
O que a história não nos pode fazer é ensinar o futuro e seria por demais idiota admitir que pudéssemos prever o amanhã com um grau de exactidão elevado.
E o perigo está em confundir memória com história…
Os desafios para o Serviço Nacional de Saúde são tremendos e assustadores.
Mas não enfrentar a necessidade de o repensar, estruturar e preparar seriamente para as próximas décadas é suicidário e deveria justificar criminalização. O povo e a nação consideram o SNS como o maior dos desenvolvimentos sociais pós-revolução e o seu contributo para a qualidade de vida e bem-estar dos Portugueses é inegável e fundamental.
Quase 3 milhões de cidadãos usufruem já de seguros de saúde privados, uma parte significativa por prerrogativa partilhada com as entidades patronais. Ao contrário do que se apregoa, o recurso aos seguros de saúde é esmagadoramente originário de pessoas com capacidade económica bem limitada. O crescimento do sector privado da saúde é portanto uma resposta de consumidores do SNS que, por baixa literacia ou desejo premente de resolução de problemas de saúde, encontram no privado uma satisfação que, eventualmente, poderá até estar longe da melhor avaliação clínica.
Confunde-se acessibilidade e tempos de resposta com oferta adequada em termos médicos e científicos com satisfação efectiva e custo-benefício. Um paciente que precise a prazo duma cirurgia de hérnia discal, por exemplo, não significa que justifique a intervenção neurocirúrgica no imediato só porque evidencia imagiologicamente a lesão.
O que nos conduz à sustentabilidade financeira do sistema. E à cronicidade de uma ineficiência na gestão da despesa do SNS que, apesar de ter baixado depois de 2010, poderá manter-se à volta dos 15%.
O peso do envelhecimento e das doenças crónicas no orçamento do SNS poderá já representar mais de três quartos do orçamento anual do SNS.
A discussão pela defesa do SNS não pode ser mais adiada.
A história e a memória não podem ser confundidas.
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