2 Dez, 2020

Governo promove administradores hospitalares. Médicos estão “chocados”

Despacho que promove mais de 80 administradores está a ser alvo de contestação por parte dos sindicatos médicos, que criticam o favorecimento de uma classe em detrimento de outras.

Um despacho publicado na segunda-feira, e que autoriza a promoção dos administradores hospitalares, está a ser contestado pelos sindicatos dos médicos, que acusam o Ministério da Saúde de favorecer um grupo profissional em detrimento de outros.

Segundo avança o DN, em causa está o despacho n.º 11813, publicado nesta segunda-feira e assinado pelo secretário de Estado adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales e que promove 83 administradores hospitalares, na maioria dos casos ao 3.º grau da carreira, havendo também subidas aos 2.º e 1.º graus.

“O despacho decorre de uma decisão da comissão de avaliação que foi constituída no ano passado e analisou o currículo destes profissionais. Fez uma avaliação que não era feita desde 2003, quando deveria fazer-se todos os anos”, sublinha Alexandre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH).

Para os médicos, a diferença de tratamento é inaceitável, ainda para mais quando o despacho autoriza as promoções com efeitos retroativos a 1995. “Estamos chocados com o favorecimento dos administradores hospitalares“, diz João Proença, da Federação Nacional dos Médicos. João Proença lembra que os médicos de saúde pública esperam desde 1995 pelo pagamento da dedicação de exclusividade, por exemplo.

Também o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos critica a dualidade de critérios. “O Governo não trata da situação dos médicos, dos enfermeiros, dos auxiliares de ação médica, mas trata dos administradores. É uma prioridade“. Jorge Roque da Cunha, lembra que o Ministério se recusa a discutir a grelha salarial dos médicos há já três anos.

“As pessoas que estão no grau inicial e que corresponde ao 4.º grau devem passar automaticamente ao fim de cinco anos para o 3.º, algumas foram para tribunal e esse grau foi-lhe reconhecido. Do 3.º para o 2.º têm de estar cinco anos à espera e só sobem depois de uma avaliação, sendo necessária nova avaliação para passarem para o 1.º grau. É a única carreira da administração pública sujeita a avaliação”, contrapõe Alexandre Lourenço.

TC/SO

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