25 Jul, 2018

Farmácias referenciam mais de 4.500 pessoas com risco de diabetes para médicos de família

Mais de 4.500 portugueses com risco moderado e muito alto de diabetes foram reencaminhados pelas farmácias para o seu médico de família, no âmbito de uma ação de rastreio nacional que envolveu cerca de 8.100 utentes, foi hoje anunciado.

Farmácias referenciam mais de 4.500 pessoas com risco de diabetes para médicos de família

A referenciação dos utentes decorreu no âmbito do Desafio Gulbenkian “Não à Diabetes!”, realizado entre 14 de novembro de 2017 e 1 de maio de 2018, com o objetivo de informar e prevenir o desenvolvimento da diabetes tipo 2, “uma doença com custos importantes para o Serviço Nacional de Saúde”, refere a Associação Nacional das Farmácias (ANF) em comunicado.

A ação de rastreio envolveu 383 farmácias de 64 municípios, avaliando um total de 8.112 utentes, adianta a ANF, acrescentando que a referenciação de mais de metade dos portugueses examinados deu origem a cerca de 2.000 mil consultas médicas. Segundo a associação, foram diagnosticados 190 doentes que desconheciam ser diabéticos, traduzindo-se em 9,5% dos utentes com diabetes.

O método utilizado pelos farmacêuticos foi a avaliação de risco (Findrisk), com suporte tecnológico e a comunicação entre o sistema da farmácia e a Plataforma de Dados em Saúde, do Ministério da Saúde, tendo os casos de risco mais elevado sido encaminhados para consulta médica nos cuidados de saúde primários.

Para o diretor do Programa Gulbenkian Inovar em Saúde, da Fundação Gulbenkian, Jorge Soares, contribuíram “para o sucesso desta intervenção” dois fatores chave. “O primeiro foi a eficácia do recrutamento e identificação das pessoas com risco de diabetes, através da colaboração excecional das farmácias para identificar os utentes, fazer-lhes o teste e encaminhá-los para os centros de saúde. O segundo fator foi a educação das pessoas para o futuro, com foco nos centros de saúde. O sucesso do desafio só foi possível graças ao alinhamento de vários parceiros: as autarquias, as farmácias como porta de entrada e os centros de saúde”, afirma, no comunicado.

O rastreio através da avaliação do risco de desenvolver a doença, mediante fatores como a obesidade, tabagismo ou antecedentes familiares é fundamental, porque a diabetes é assintomática no início, mas pode provocar lesões em diversos órgãos, como os rins, olhos e sistema vascular. “Uma diabetes não diagnosticada, não controlada, com um nível metabólico desregulado e elevados níveis de glicose no sangue, tem um maior risco de complicações e pode conduzir à morte”, explica Adelaide Figueiredo, médica no Centro de Diabetologia do Hospital Distrital de Santarém.

O diagnóstico precoce da diabetes é importante para prevenir lesões e complicações associadas, como o enfarte do miocárdio, os acidentes vasculares cerebrais ou o pé diabético.

Em Portugal a diabetes afeta mais de um milhão de pessoas e é diagnosticada a cerca de 200 novos doentes por dia. A este número juntam-se mais de dois milhões de pessoas com pré-diabetes. Estima-se que cerca de 44% das pessoas com diabetes estejam por diagnosticar, sendo por isso, o diag­nóstico precoce, uma das prioridades do Programa Nacional para a Diabetes (PND).

LUSA

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