4 Nov, 2019

Falta de atratividade agrava-se. SNS perdeu 231 recém-especialistas

Número de jovens médicos que escolhe não ficar vinculado ao SNS não pára de aumentar. Melhores condições no privado e no estrangeiro explicam tendência.

É uma tendência preocupante e que tende a manter-se e até a agravar-se no futuro. No ano passado, o SNS perdeu 231 jovens médicos recém-formados. Estes especialistas prefiram não ficar vinculados ao SNS, seja por terem recebido melhores propostas do setor privado ou por terem emigrado.

Dos 1335 médicos que concluíram o internato de especialidade em 2018 nos hospitais, apenas 1104 ficaram ligados ao SNS. Ficaram, assim, de fora 231 clínicos, mais do que os 187 que optaram por seguir outros caminhos profissionais em 2017. Em 2016, tinham sido 220.

Desta forma, a taxa de retenção de recém-especialistas voltou a recuar, embora se mantenha alta (83%). Segundo o Relatório Social do Ministério da Saúde e do SNS 2018, a especialidade que mais perdeu médicos foi, em valores absolutos, Medicina Geral e Familiar (49). Já no caso de Medicina Interna, 41 clínicos optaram por não ficar vinculados ao SNS, o que representa uma taxa de retenção abaixo da médica (78%).

Em especialidades mais carenciadas, as taxas de retenção estão acima dos 80%. No caso de Anestesiologia, ficou nos 89%; em Ginecologia/Obstetrícia, 26 dos 31 médicos ficaram no SNS (84%) e em Pediatria o mesmo aconteceu com 44 dos 55 recém-especialistas (80%).

Em especialidades com menor número de vagas para formação, há desempenhos díspares. Radioconologia (5 vagas), Genética Médica (4 vagas) ou Cardiologia Pediátrica (também 4 vagas), têm taxas de retenção de 100%. Por outro lado, Cirurgia Maxilo-Facial perdeu 2 dos 3 recém-formados.

O bastonário da Ordem dos Médicos admite que é uma tendência que está a aumentar, embora se mostre contra a ideia de obrigar os jovens médicos a ficarem ligados ao SNS durante um determinado período de tempo depois de concluído o internato de especialidade.

A vontade de conciliar a atividade clínica e a investigação leva muitos clínicos a procurar oportunidades no estrangeiro. Outros ambicionam por melhores condições de trabalho e salários mais elevados no setor privado, que lhes permita, por exemplo, fazer um doutoramento.

TC/SO

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