Ex-ministra aponta falta de pensamento estratégico e investimento como desafios do SNS
Para Maria de Belém Roseira a falta de pensamento estratégico e a necessidade de investimento no sistema e carreira dos profissionais são os principais desafios de Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A antiga ministra da Saúde Maria de Belém Roseira apontou hoje como principais desafios do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a falta de pensamento estratégico e necessidade de investimento no sistema e carreira dos profissionais.
“Tão importante como a Saúde, só a Defesa, porque aquilo que se trava todos os dias nas instituições de Saúde é uma guerra de vida contra a morte. Toda a estratégia militar é isso”, comparou Maria de Belém Roseira.
Para com isto dizer que “as pessoas esquecem-se da importância disto e relegam o Ministério da Saúde para algo que pode ser apreciado por qualquer burocrata que não tenha qualquer conhecimento do setor, muitas vezes asfixiando o SNS com decisões que são absolutamente ineficientes”.
A ex-ministra da Saúde, entre 1994 e 1999, no Governo do socialista António Guterres, falava numa palestra, ao longo de quase 40 minutos, em Coimbra, na cerimónia da “Rega da Oliveira” do SNS, que assinala o 45.º aniversário sobre a fundação protagonizada por António Arnaut.
Com os olhos no futuro, a antiga governante disse que “para se ter e conseguir ter” um SNS é preciso “fazer uma escolha em três áreas fundamentais” no setor.
“Uma mudança do tratamento para a prevenção, uma mudança dos hospitais para cuidados primários e comunitários e uma mudança do analógico para o digital, com foco na inovação”, desafiou.
Maria de Belém Roseira desafiou ainda a “não perguntarem à Economia o que pode fazer pela Saúde”, mas antes, apelou a que “perguntem à Saúde o que pode fazer pela Economia”.
Na sua apresentação, Maria de Belém Roseira apontou ainda os diversos desafios que o SNS tem pela frente e entre os quais destacou a necessidade de “investimento para resolver as ineficiências”, seja investimento no SNS como nos seus recursos humanos.
“As carreiras na Saúde não são mexidas há mais de 20 anos, fui eu a última negociadora em termos globais das carreiras de todo o pessoal da Saúde”, afirmou, defendendo que os recursos humanos “são a prioridade”, e aconselhou a “agarrar nos trabalhos já produzidos pela estrutura das políticas públicas” que tem “um planeamento provisional muito interessante”.
A ex-ministra defendeu uma “necessidade muito grande de conversar” e considerou “errada a enorme instabilidade nas políticas ao longo dos anos”, sendo que aquilo que “é hoje decidido em Saúde, só produz efeito daqui a 10 anos, muitas vezes 20 anos”.
“Outro aspeto é que se interrompeu o plano estratégico na saúde e quando ele aparece em algumas organizações é isolado. [O] pensamento estratégico para o ministério adaptado às circunstâncias de cada área infelizmente desapareceu e os planos de saúde são muito discutidos, são participados […] mas não é transmitida para baixo”, apontou.
A cerimónia contou com a presença da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, responsáveis nacionais e regionais de entidades ligadas à Saúde e familiares de António Arnaut.
LUSA
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