20 Fev, 2020

Eutanásia. Médicos divididos, mas maioria concorda com legalização

Num inquérito feito a 1146 clínicos da zona Norte, 51% são a favor da eutanásia mas apenas um terço admitia que o faria.

Embora esteja longe de ser uma amostra representativa da comunidade médica nacional, o estudo agora divulgado, e feito junto de 1146 médicos da zona Norte, mostra divisão entre os médicos quanto à eventual legalização da eutanásia. 51% dizem concordar, 32% são contra e 17% não tem ainda uma opinião definitiva, avança o jornal Público.

Apesar da maioria de opiniões favoráveis, a percentagem de médicos que aceitaria ajudar um doente a morrer baixa consideravelmente. Apenas 37% admite que o faria, embora ainda haja 19% de indecisos. 44% afirma que não participaria no processo de eutanásia em nenhuma circunstância.

“Os médicos que têm maior contacto com doentes em fim de vida são, com maior frequência, desfavoráveis” em relação aos “que têm menor ou nenhum contacto”, sublinha José Ferraz Gonçalves, autor do estudo e médico oncologista. Admitindo ser contra a legalização da eutanásia, o também diretor do serviço de cuidados paliativos do IPO do Porto lamenta que a amostra do estudo não tenha sido maior.

“O inquérito está no site [da Ordem dos Médicos] mas ninguém o vê. E apenas a Secção Regional do Norte da Ordem se dispôs a incentivar os médicos a participar, enviando aos inscritos três emails sucessivos. Por isso, o estudo só foi operacionalizado no Norte”, refere Ferraz Gonçalves. Não é a primeira vez que este oncologista tenta ‘auscultar’ os colegas sobre este assunto. Em 2007 perguntou o mesmo a 450 oncologistas, que, à data, também já se mostravam divididos, embora o ‘não’ prevalecesse (42% VS 39%).

No inquérito agora conhecido, seis médicos admitem já ter eutanasiado um doente e outros dois participaram em suicídios assistidos. Um número reduzido, que mostra, segundo Ferraz Gonçalves, que esta não é uma prática comum em Portugal.

Já o bastonário da Ordem dos Médicos [OM], que tem assumido sempre, em nome da OM, uma posição claramente desfavorável à legalização, admite que a possível na classe médica não é unânime mas diz acreditar que a maioria dos profissionais é contra a eutanásia.

TC/SO

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