Esperança média de vida. EUA regista maior quebra desde a 2.ª Guerra Mundial

A esperança média de vida nos Estados Unidos da América (EUA) diminuiu um ano e meio em 2020, o que representa a maior quebra registada num só ano desde a 2.ª Guerra Mundial, revelaram as autoridades de saúde pública do país.

Para o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC), a quebra deve-se principalmente à pandemia de covid-19, que, segundo explicam, representa cerca de 74% deste declínio na esperança média de vida. Mais de 3,3 milhões de norte-americanos morreram no ano passado, sendo que a infeção pelo SARS-CoV-2 foi responsável por cerca de 11% deste total.

Também se somam outras causas de morte para além da covid-19, como overdoses devido ao consumo de drogas, sendo que o aumento de homicídios foi outra das razões para a diminuição da expetativa de vida, sobretudo nos negros, destacou a principal autora do estudo, Elizabeth Arias.

De acordo com os resultados do estudo, a diminuição da expetativa de vida para negros e hispano-americanos foi ainda maior, de três anos. A falta de acesso a cuidados de saúde de qualidade, condições de vida em locais superlotados e empregos de baixa remuneração que exigiram que continuassem a trabalhar durante a fase mais crítica durante a pandemia são causas que justificam esta queda dentro destas comunidades.

O relatório do CDC destaca ainda que os hispano-americanos apresentam maior esperança de vida do que brancos ou negros, mas, ainda assim, sofreram o maior declínio no ano passado. Do mesmo modo, também é salientado que a esperança média de vida diminuiu quase dois anos para os homens e cerca de um ano para as mulheres.

Segundo o especialista em alterações na mortalidade nos EUA, o professor de sociologia da Universidade do Texas Mark Hayward, esta “queda abrupta é basicamente catastrófica”.

Ainda assim, o declínio em 2020 foi apenas metade da quebra entre 1942 e 1943, quando muitos soldados morreram na 2.ª Guerra Mundial e apenas uma fração da quebra entre 1917 e 1918, altura da 1.ª Guerra Mundial e da pandemia causada pela gripe espanhola.

SO/LUSA