18 Set, 2020

Espera por colonoscopias chega a atingir os 12 meses

Exames de acompanhamento a doentes com cancro não estão a ser feitas dentro do tempo útil. Número de colonoscopias caiu mais de 40% até julho.

É um problema que se arrasta há anos, sem que o SNS tenha aumentado a capacidade de resposta aos doentes. As colonoscopias de acompanhamento, que devem ser feitas periodicamente aos doentes submetidos a cirurgia para tratar cancros colorretais, não estão a ser realizadas em tempo útil. Muitas estão a ser marcadas para daqui a um ano. A denúncia é feita por Vítor Neves, presidente da Europacolon.

“Há colonoscopias com sedação que estão a ser marcadas com um ano de distância nos hospitais centrais”, revela Vítor Neves, em declarações ao Jornal de Notícias. O impacto da falta de vigilância pode ser significativo, uma vez que eventuais recaídas não estão a ser monitorizadas quando se sabe que o diagnóstico precoce é fundamental para melhorar o prognóstico dos doentes.

A Europacolon, associação sediada no Porto que dá apoio aos doentes com cancro colorretal (cuja incidência tem vindo a aumentar), garante que tem vindo a receber cada vez mais reclamações de doentes cujo exames foram adiados ou marcados para dali a muitos meses.

Mas não são só as colonoscopias que estão em queda. Só na primeira metade do ano, até julho, foram realizados menos 30% de exames complementares de diagnóstico face ao mesmo período de 2019. No que diz respeito às colonoscopias, a redução ultrapassou os 40%. No total, foram feitos menos 16,8 milhões de exames.

O quadro piora ainda mais com o funcionamento a meio-gás dos centros de saúde, a primeira linha de recurso dos doentes e um patamar essencial de diagnóstico de doenças oncológicas, por exemplo. “As referenciações das unidades de saúde primárias para consultas nos hospitais diminuíram. Quando os doentes aparecem nas urgências, os casos já estão muito avançados”.

A Europacolon reivindica a criação de uma estrutura específica pelo Ministério da Saúde para a recuperação de doentes e o funcionamento em pleno dos centros de saúde.

TC/SO

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