3 Set, 2020

Entrevista. Tecnologia com luz UV elimina SARS-CoV-2 de forma “rápida e eficaz”

Tecnologia com luz UV foi aplicada, pelo grupo Clece, na Residência Sénior do Areeiro. Segundo Diogo Figueira, Diretor Operacional Serviços Sociais, este método de desinfeção elimina agentes biológicos, incluindo o novo coronavírus.

É a primeira e única tecnologia deste tipo a ser implementada em Portugal. Em que consiste na prática e como funciona?

Este dispositivo está equipado com três lâmpadas UVXenon que, através da emissão de luz de alta intensidade, garante uma elevadíssima percentagem de eliminação de vírus (99,9%), bactérias e outros microrganismos patogénicos, em todo o tipo de superfícies, mobiliários e têxteis, em curto espaço de tempo.

Com base na planta do local da intervenção, são analisados pela equipa especializada quais os espaços onde o robot deve ser colocado, de forma a garantir que todos os pontos são desinfetados pela luz UV para, assim, otimizar ao máximo os resultados a obter. Deve considerar-se um ciclo de atuação de cinco minutos, a cada nova posição.

É um método extremamente rápido e eficaz para a eliminação de vírus, bactérias e outros agentes biológicos, perigosos à saúde humana – em ciclos de cinco minutos de atuação, por posição do robot.

É aplicável a qualquer tipo de espaço de trabalho (hospitais, clínicas, hotéis, residências sénior).

Quando foi implementada?

Em Portugal, com o surgimento da pandemia de Covid-19, foi implementado em julho de 2020.

A eficácia é de 99,99%, segundo a informação adiantada. Este valor é sustentado pela ciência de forma robusta/consistente?

Sim. A nível americano (local da sua criação) possui um selo que garante a sua eficácia. É também bastante utilizada em hospitais privados americanos.

Com que frequência é necessário proceder à desinfeção com a tecnologia para manter esse nível de eficácia?

Todos os espaços são desinfetados uma vez por semana. O espaço mantém-se “limpo” até que haja novamente contacto com algum tipo de vírus. No entanto, e como forma de prevenção, fazemos a desinfeção uma vez por semana em toda a residência.

Diogo Figueira, Diretor Operacional Serviços Sociais.

É necessário ter algum cuidado especial antes da utilização e durante ou após?

Durante a desinfeção ninguém poderá estar no espaço. A máquina é colocada nesse espaço e com um sensor à porta. Caso a porta se abra quando está a trabalhar, a máquina desliga imediatamente. É o único cuidado especial, porque os raios ultravioletas são extremamente fortes e poderiam provocar danos ao nível da pele.

Existe algum risco para a saúde, sobretudo tendo em conta que a população residente apresenta muitas vezes uma condição mais fragilizada?

Não, pelo contrário. Só existem benefícios. A máquina funciona à base de luz e desde que essa luz não incida sobre ninguém não há risco. Existe, sim, um benefício, pois, após a utilização, os espaços e superfícies, além de livres de vírus, estão também livres de outro tipo de bactérias.

O grupo espanhol Clece, enquanto gestor de duas residências sénior em Portugal, adotou várias medidas para assegurar a segurança sanitária. O que motivou a adoção desta medida? Qual é a mais valia?

O grupo tem como uma das suas principais prioridades a segurança. Com o surgimento da pandemia, o grupo tentou pensar e pesquisar mais além do que estava a ser feito. Como o grupo tem uma elevada experiência em limpeza hospitalar, a tecnologia já era conhecida, nomeadamente na desinfeção de blocos operatórios. Como tal, depois de comprovada a sua efetividade contra o coronavírus que provoca a Covid-19, o grupo decidiu avançar para a aquisição de vários robot para as residências com maior população e localizadas em grandes centros urbanos. Sem dúvida que a mais valia é a segurança – segurança dos residentes e segurança dos trabalhadores. É tranquilizante saber que se está num local livre de vírus e bactérias, sendo que – mais do que nunca – neste tipo de setor a desinfeção e limpeza é de extrema importância.

A tecnologia implica um investimento considerável? O custo-efetividade é satisfatório?

Sim, o investimento foi considerável, não só na aquisição da máquina para a residência de Lisboa, mas para as máquinas para todo o grupo. Falamos de um investimento a rondar muitos milhares de euros. Contudo, não há um custo para a segurança. Se nos ajuda a combater o vírus então podemos dizer que o custo-efetividade é satisfatório. Este investimento é um pouco diferente de um investimento normal; é um aliado e certamente uma mais valia para quem o faz.

Seria vantajoso aplicá-la noutros contextos, nomeadamente na área da saúde?

Sem dúvida. O grupo tentou implementar este tipo de desinfeção na área hospitalar. É eficaz, não tem cheiro nem textura, não é preciso isolar nenhum equipamento e, após a desinfeção, o espaço está pronto a ser utilizado, o que infelizmente não acontece atualmente nos hospitais, porque estes não estão disponíveis para fazer o investimento necessário. Um serviço de urgência ou um bloco operatório com este robot seriam certamente mais seguros e eficazes.

SS/SO

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