17 Mai, 2019

Doentes de hepatite C esperam em média dois meses pelo tratamento

DGS desconhece os casos denunciados pela SOS Hepatite de hospitais que este ano ainda não deram qualquer tratamento aos doentes de hepatite C.

“Em média, desde que o médico faz o pedido até ao doente iniciar tratamento, decorrem dois meses”, disse à Lusa Isabel Aldir, diretora do Programa Nacional para as Hepatites Virais, sublinhando que este período de espera não compromete o tratamento.

“É um período de tempo perfeitamente aceitável e justifica-se a com a necessidade de se fazer um pedido adequado ao doente, de haver uma compra centralizada por parte dos serviços do Ministério da Saúde, de a medicação chegar ao doente e de este ter disponibilidade com o seu medico para programar a consulta e iniciar o tratamento”, explicou Isabel Aldir.

A responsável falava depois de a SOS Hepatites ter denunciado, na quarta-feira, que há hospitais que ainda não deram este ano qualquer tratamento prescrito para doentes com hepatite C, lembrando que apenas Santa Maria e Egas Moniz distribuem tratamentos em tempo útil.

“Os únicos hospitais que estão a dar tratamentos em 15 dias a um mês são o Santa Maria e o Egas Moniz. Temos atrasos em todos os hospitais do país. Os doentes estão a esperar entre quatro meses a um ano”, disse à agência Lusa Emília Rodrigues, da SOS Hepatites.

Confrontada com estes dados, a responsável pelo Programa Nacional para as Hepatites Virais, da DGS, disse desconhecer tais atrasos, indicando que a informação de que dispõe aponta para mais de 1.400 novos tratamentos aprovados este ano e, destes, praticamente 1.100 doentes já iniciaram tratamento.

“O ritmo de tratamento está a manter-se, nos primeiros anos foi tratado o grande volume de doentes e este ritmo agora é mais lento, mas os doentes continuam a ter acesso à medicação”, afirmou Isabel Aldir.

Quanto ao hospital indicado pela SOS Hepatites como um dos exemplos de unidades que este ano ainda não disponibilizaram qualquer tratamento, a responsável diz que os dados recolhidos indicam que Vila Real pediu durante o ano passado 58 novos tratamentos e, este ano, já pediu 21, nalguns casos já com doentes em tratamento.

“A pecar será sempre por defeito”, frisa a responsável, explicando que a DGS irá ver “com grande detalhe” a situação denunciada pela SOS Hepatites.

“Os dados oficias não são concordantes com o que foi reportado (…) Vamos ver com grande detalhe. É uma situação que acompanhamos com grande aproximação e não nos tem sido salientado nenhum desvio em nenhum centro hospitalar que tenha modificado a sua prática de uma altura para a atualidade”, acrescentou.

Quanto à meta definida pela Organização Mundial de Saúde para a erradicação da hepatite C, Isabel Aldir acredita que Portugal, ao ritmo de tratamento que mantém, pode cumprir mesmo antes do ano 2030.

“A grande maioria da população já foi tratada. É necessário continuar a investir em estratégias de micro eliminação para populações muito específicas”, afirmou, dando o exemplo da população prisional e dos consumidores de drogas.

LUSA

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