Custo dos medicamentos é a principal dificuldade de acesso à Saúde

Aumentou a percentagem das pessoas que deixaram de comprar fármacos de que precisavam.

Lusa

10:24, 16 jun.2021”

“Os elevados custos dos medicamentos são a principal dificuldade no acesso aos cuidados de saúde. Na classe socioeconómica mais baixa, a percentagem das pessoas que deixaram de comprar fármacos de que precisavam aumentou para 15% em apenas três anos.

 “Apesar do esforço que tem sido feito em termos de políticas públicas de baixar os preços dos medicamentos, a verdade é que continua a ser o elemento central da despesa das pessoas quando vão a uma consulta, em termos de pagamentos diretos (…) e tem esse aspeto de acabar por ser bastante mais pesado nas famílias com menores rendimentos, o que é natural”, disse à Lusa o autor do relatório, Pedro Pita Barros.

O relatório “Acesso a Cuidados de Saúde — As escolhas dos cidadãos 2020” – um projeto desenvolvido pela Cátedra BPI | Fundação “la Caixa” de Economia da Saúde no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre a Fundação “la Caixa”, o BPI e a Nova SBE – cujos dados foram recolhidos pela empresa GfK, entre os dias 23 de maio e 30 de junho de 2020, dá conta dos resultados de um inquérito elaborado pela equipa de investigação do Nova SBE Health Economics and Management Knowledge Centre, tendo como universo pessoas com 15 ou mais anos de idade, residentes em Portugal Continental, numa amostra representativa constituída por 1.271 entrevistas.”

Na dificuldade de encontrar dados de investigação sobre o tema que aqui me traz hoje, solicitei ao “copilot” que o fizesse por mim.

Enviado por Copilot:

“Estimativas sobre quanto poderia ser poupado em percentagem se não houvesse práticas de incentivos aos prescritores variam, mas estudos sugerem que a eliminação dessas práticas poderia resultar em economias significativas. Em alguns casos, a redução nos custos dos medicamentos poderia ser de até 20-30%. [Realço este valor]

Essas economias viriam principalmente da maior prescrição de medicamentos genéricos, que são mais baratos, e da redução dos custos associados às práticas de marketing das empresas farmacêuticas.”

Sei que este tema, por razões várias, não é explorado pelos analistas, porque entendem, genericamente, que o Estado Português estará a fazer o que deve, para que o preço dos medicamentos seja o adequado. Mas, estará mesmo? Outros Países estarão, certamente!

Hoje porei a tónica noutro ponto de vista: Os médicos estarão, de facto, preocupados com o preço dos medicamentos que prescrevem, diariamente, aos seus doentes? Estudos indicam que só cerca de metade dos médicos estão informados sobre esta temática, e que raramente o discutem com os seus doentes, informando-os, como poderiam e deveriam.

“Segundo Huttin (2000) e Meropol (2009), “a capacidade do médico conhecer a situação económica do doente está dependente de uma multiplicidade de factores: o tempo pré-determinado para cada consulta, a região geográfica (mais cosmopolita ou provinciana), o desconforto e a falta de treino do médico para introduzir este tema na conversa com o doente, a própria atitude pessoal do médico que poderá considerar que a capacidade de adquirir um medicamento é da responsabilidade do Estado e da sociedade e não suas, e inclusivamente da própria vontade do doente em discutir esse assunto com o médico ou receio do doente que o médico não faça tudo ao seu alcance por achar que ele não consegue suportar financeiramente o seu tratamento.” E ainda “Um maior conhecimento sobre os custos associados às práticas médicas e terapêutica, bem como a ponderação sobre a custo-efectividade de um determinado tratamento por parte dos técnicos de saúde, contribuirá para um tratamento de qualidade aliado a uma optimização na afectação de recursos. Neste sentido, exigem-se decisões prudentes que envolvam uma reflexão consciente sobre a melhor combinação de risco – custo – benefício (WHO 2004).” Extraído da tese de mestrado de Ana Sofia Roxo, apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra sob o título “O que médicos e farmacêuticos sabem sobre o sistema de preços e comparticipação de medicamentos em Portugal”

 Já pensaram que um medicamento que prescrevem e que sendo comparticipado a 100% custará ao estado, por exemplo, 10 Euros, poderia custar somente 7 Euros, se aquela viagem que lhe foi oferecida pelo Laboratório X, Y ou Z, ou aquela viatura que utilizam e que não é propriedade sua, mas sim duma Empresa Farmacêutica (sob o disfarce do “leasing”), ou ainda aquele serviço de chá ou eletrodoméstico que necessitavam para a sua residência e que foi oferecido por um desses laboratórios, está a ser pago pelos seus impostos e de toda a população do país? Acham que isso é o quê?… Só porque é pequena?! 3 euros!!! Ou, não acham que isto multiplicado por dezenas de milhares poderia servir para melhorar a sua prestação/satisfação que tanto reclamam no seu local de trabalho?

Agora vejamos a situação atrás descrita em que o Estado comparticipa em cerca de 40, ou 60% e o doente terá de suportar 4,5 euros por sua conta, em comparticipação. Este poderia poupar 1,5 euros nesse medicamento. Imaginemos agora quanto poupariam os mais de 10 milhões de portugueses?! (Segundo o relatório do INFARMED vende-se em Portugal cerca de 180 milhões de caixas de medicamentos, sendo a despesa média de cada português de 82,80 euros e o custo médio por caixa de 13,23 euros em que o utente comparticipa com 4,53 euros).

Será que os médicos se sentem bem e confortáveis ao usufruir de coisas a que não têm direito, quer científica, quer socialmente? Não estamos a discutir champôs ou pneus, ou produtos para emagrecer, de beleza, ou outros quaisquer, que só usa quem quer. (Sabemos que a prática de incentivos, também é comum).  Sim, estamos a falar de medicamentos, que são usados por necessidade, porque as pessoas estão doentes!

Atentem no alerta que levanta o estudo do professor Pedro Pita Barros, ao qual faço referência introdutória. Há doentes que não compram os medicamentos de que necessitam, por carência económica. Não acham que seria muito útil começarmos a preocuparmo-nos com aquilo que é importante, que é tratar, e bem, quem nos procura por se encontrar doente? Será que não ganhamos o suficiente para fazermos umas férias descansadas e dormir sossegados porque nada nos pesa na consciência?!

Já pensaram bem o que é este tipo de “incentivos/benesses”? Estes pequenos valores todos somados (darão milhões!) estarão certamente em linha com os milhões que alguns usurparam, contribuindo para que o Estado e a população do país gastem mais. É pulverizada, mas não deixa de ser real. Se um laboratório gasta num cruzeiro pelos fiordes nórdicos (ou outro qualquer destino), 2.500 Euros por cada “convidado”, multiplicado por um grupo de 20 convidados serão 50.000 euros de gastos dos bolsos dos doentes e, de todos nós através dos nossos impostos. Multipliquem por 200 grupos, em todo o país e teremos 10.000.000 (DEZ MILHOES de euros). Distribuam 50% para cada lado, Estado e doentes. Que acham destas contas? E são tão simples e tão empíricas. Deixo de fora a análise de todas as outras mordomias que atrás refiro, porque não serão contas fáceis de explicitar.

Médicos, (felizmente, serão só alguns!) pensem bem se estão ou não a contribuir para o gasto excessivo na saúde, na medida em que, com as práticas acima referidas, oneram o preço final dos medicamentos, de que tanto se fala?! E isto é… o quê?? Acabar com estas práticas incentivadoras, não levaria certamente a que os Empresas Farmacêuticas (IF) tivessem de despedir alguém, já que os seus colaboradores – delegados de informação médica (DIM) – teriam o trabalho gratificante de informar os médicos e as Farmácias comunitárias das novas moléculas, assim como, sobre estudos de eficácia e eficiência que o “seu produto” teria em relação a outros medicamentos, ou prescritos em determinadas doenças, divulgando-os na base da informação científica.

E termino com a resposta a esta pergunta feita ao copilot da Microsoft: “Influência das benesses dadas aos médicos no preço final do medicamento”

“As benesses dadas aos médicos, como viagens de lazer, uso de viaturas e utensílios domésticos podem influenciar significativamente o preço final dos medicamentos. Aqui estão algumas formas como isso ocorre:

  1. Custos Adicionais: Essas benesses representam custos adicionais para as empresas farmacêuticas, que são frequentemente repassados aos consumidores através de preços mais altos dos medicamentos.
  2. Influência na Prescrição: Essas benesses podem influenciar as decisões de prescrição dos médicos, levando à escolha de medicamentos mais caros ou de determinadas marcas, mesmo que alternativas mais baratas e eficazes estejam disponíveis.
  3. Concorrência e Preços: Em mercados altamente competitivos, empresas que oferecem essas benesses podem manter preços mais altos, pois os médicos podem preferir prescrever medicamentos dessas empresas devido aos benefícios adicionais.
  4. Regulamentações: Em alguns países há regulamentações que limitam ou proíbem esses tipos de incentivos para garantir que as decisões médicas sejam baseadas na eficácia e segurança dos medicamentos, e não em benefícios financeiros ou materiais.

Estes fatores mostram como as benesses dadas aos médicos podem aumentar os custos e, por extensão, os preços dos medicamentos para os pacientes.”

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