Cobrança de cuidados de saúde a estrangeiros inviável em muitos casos, diz ministra
A ministra da Saúde admitiu que a cobrança de cuidados tem sido inviável numa “percentagem relevante” dos estrangeiros que recorrem ao SNS, apontando os casos do Oeste, do Algarve e do Hospital Fernando Fonseca.

Em relação aos estrangeiros, “é verdade que temos uma percentagem relevante, sobretudo em três zonas – no Oeste, no [Hospital] Fernando Fonseca e no Algarve -, onde esta cobrança, esta faturação, essa identificação da entidade financeira responsável se torna, de acordo com os administradores, inviável”, afirmou Ana Paula Martins na Comissão de Saúde, onde está a ser ouvida a pedido do Chega.
Segundo referiu, a esmagadora maioria dos estrangeiros recorrem ao Serviço Nacional de Saúde através das urgências, que, de acordo com a legislação em vigor, não pode recusar assistência a quem precise de receber cuidados urgentes.
Ana Paula Martins citou dados da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), para adiantar que, entre 2021 e 2024, o número de estrangeiros assistidos no Serviço Nacional de Saúde foi de 330 mil, dos quais 139 mil não estavam cobertos por seguros ou protocolos de cooperação com o SNS. “Com os dados que temos hoje, sabemos que cerca de 40% dos estrangeiros que recorrem ao SNS não têm nem protocolos de cooperação, nem seguros”, afirmou a ministra aos deputados.
A governante salientou, no entanto, que os estrangeiros são uma parte muito reduzida dos serviços prestados pelo serviço público de saúde. Em resposta à deputada do PS Susana Correia, a governante adiantou que a IGAS está a fazer um novo levantamento para apurar estes dados em concreto. Antes da intervenção inicial da ministra, o deputado do Chega Rui Cristina alertou que o turismo de saúde “ameaça a sustentabilidade do sistema”, tendo em conta que “cada vez mais estrangeiros beneficiam de cuidados sem qualquer contrapartida”.
LUSA
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