18 Jul, 2023

Cientistas querem contribuir para o combate à desinformação sobre vacinas

Investigadores da Universidade de Coimbra lançaram uma ferramenta ‘online’ gratuita que permite a identificação rápida de argumentos anti-vacina e, em simultâneo, a refutação desses argumentos de forma construtiva.

Um contributo para o combate à desinformação sobre vacinas é um dos objetivos de um estudo produzido na Universidade de Coimbra (UC), um projeto que inclui uma ferramenta ‘online’ gratuita para permitir refutar a argumentação anti-vacinas.

“Os cientistas lançaram uma ferramenta ‘online’ gratuita que permite a identificação rápida de argumentos anti-vacina e, em simultâneo, a refutação desses argumentos de forma construtiva”, referiu a UC em comunicado enviado hoje à agência Lusa.

O estudo possibilitou a identificação de 11 tipos de formação de atitudes de oposição à vacinação, análise que pretendeu tornar mais eficiente o combate à desinformação.

Os 11 tipos de formação de atitudes identificadas pelos autores são o pensamento conspiracionista, a desconfiança, crenças infundadas, perceção do mundo e política, questões religiosas, questões morais, medo e fobias, perceção distorcida do risco, crença no interesse próprio, relativismo epistemológico e reatividade.

A ferramenta, disponível em https://jitsuvax.info/discover/, inclui mais de 60 tópicos de desinformação que podem surgir em conversas presenciais sobre vacinação, tanto em contexto profissional, nomeadamente em diálogos com pacientes, como na esfera pessoal, em conversas com amigos.

“O trabalho de investigação pretende, assim, abrir caminho para que se desenvolvam mais estratégias de refutação e outras intervenções que respondam de forma mais direcionada à argumentação anti-vacinação”, enfatizou a Universidade de Coimbra.

Citado na nota, Angelo Fasce, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) e primeiro autor do estudo, defendeu que o problema da motivação anti-vacinação requer uma abordagem que vai além de apontar as falhas nos argumentos.

“Deve considerar também as raízes desta atitude, isto é, os atributos psicológicos subjacentes à crença da oposição às vacinas”, destacou.

Segundo Angelo Fasce, no contexto deste trabalho científico, as atitudes dizem respeito às crenças e ideias que as pessoas vão formando através da interação social e das experiências que vivem.

“É de acordo com essas atitudes que o ser humano reage de forma positiva ou negativa a pessoas, situações ou objetos”, observou.

A hesitação vacinal, considerou o investigador da FMUC, é um conceito que abrange um espetro de atitudes, que vão desde a recusa de todas as vacinas até à aceitação da vacinação, ainda que com incertezas em fazê-lo, sendo uma barreira para alcançar uma percentagem de vacinação suficientemente alta que permita proteger as comunidades.

Uma das abordagens mais promissoras para superar a hesitação vacinal passa pelo diálogo entre pacientes e profissionais de saúde.

Ao longo do estudo, os investigadores procuraram identificar alguns padrões de oposição vacinal com o objetivo de apoiar os profissionais de saúde a aplicar estratégias de comunicação que sejam eficazes para lidar com indivíduos hesitantes, que podem ser influenciados por desinformação sobre a vacinação.

Angelo Fasce frisou ainda que as atitudes de oposição são cada vez mais comuns nas consultas e requerem treino específico para serem devidamente abordadas.

LUSA

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