10 Mai, 2023

Células estaminais: o papel do cordão umbilical no tratamento do lúpus

Neste dia Mundial do Lúpus, 10 de maio, Andreia Gomes, da da BebéVida, escreve sobre os benefícios das células estaminais no tratamento desta patologia.

Células estaminais: o papel do cordão umbilical no tratamento do lúpus

O lúpus eritematoso sistémico (LES) é uma doença autoimune em que o sistema imune ataca o próprio corpo em vez de o proteger. Este ataque por parte do sistema imunitário desencadeia uma inflamação que provoca em dor, calor, vermelhidão e inchaço. O LES é uma doença crónica, ou seja, para a vida toda em que podem ser afetados vários órgãos levando à origem de diversas formas da doença se manifestar. Os sintomas são variáveis e apresenta um amplo leque de gravidade, podendo ter complicações muito graves, que exigem atenção urgente.

Estatísticas recentes demonstram que o sexo feminino é oito a dez vezes mais afetado e que as idades mais frequentes para o início do Lúpus são entre os 18 e os 55 anos, mas esta doença pode começar em qualquer idade (crianças ou idosos). Na Europa estima-se que 40 em 100 mil pessoas sofrem de LES, embora esta estimativa ainda esteja associada a uma variabilidade substancial. Segundo a Sociedade Portuguesa de Reumatologia, esta patologia afeta 0,07% dos portugueses, tipicamente mulheres em idade reprodutiva. Em Portugal já foram registados cerca de quatro mil casos de Lúpus em Portugal. A sua evolução é incerta, podendo apresentar-se constante durante vários anos, ou evoluir de forma rápida intercalando-se com períodos de remissão. A manifestação clínica desta patologia é variável de doente para doente. Na maioria dos casos (90%) estão presentes manifestações cutâneas e/ou articulares. Alguns doentes podem apresentar manifestações de maior gravidade, particularmente alterações renais (37%) ou neuropsiquiátricas (18%).

As células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical apresentam propriedades imunorreguladoras e exibem efeitos terapêuticos em várias doenças autoimunes, como o Lúpus.

Ao longo dos anos, vários ensaios clínicos têm sido realizados para perceber o efeito do transplante de células mesenquimais no tratamento desta doença. No ano passado foi publicado um estudo que avaliou a segurança e efeitos das células estaminais mesenquimais de cordão umbilical em doentes com LES, demonstrando que dado o seu perfil de segurança, as células estaminais mesenquimais podem, no futuro, ser uma nova abordagem terapêutica para tratar o lúpus com um melhor perfil de segurança comparação com as terapias atuais. Desta forma, este ensaio clínico de fase 1 sugere que as células estaminais do tecido do cordão umbilical são muito seguras e também apresentarem efeitos benéficos no combate ao Lúpus. Os efeitos exercidos das células mesenquimais nas células B e GARP-TGFβ apontam uma nova visão sobre os mecanismos pelos quais estas células estaminais do tecido do cordão umbilical podem combater esta doença.

A terapia atualmente usada para o tratamento do Lúpus apresenta como objetivo a indução da remissão, apontando o rápido controlo da atividade da doença. Entre outros, são usados fármacos anti-inflamatórios, não esteróides; corticosteróides (devido às suas propriedades anti-inflamatórias constituem o pilar do tratamento de várias doenças autoimunes sistémicas) e imunossupressores. Neste sentido, caraterísticas como baixa imunogenicidade (ausência de administração de imunossupressores para infusão), capacidade de “homing” (capacidade de migração para os locais de inflamação após infusão), e principalmente as propriedades imuno-modulatórias (conferindo um ambiente anti-inflamatório) associadas à segurança, à facilidade de infusão e à duração de resposta, tornam as células mesenquimais do tecido do cordão umbilical um excelente alvo terapêutico para doenças autoimunes, nomeadamente o lúpus eritematoso sistémico.

 

Andreia Gomes,

Diretora Técnica e de Investigação e Desenvolvimento e Inovação da BebéVida

 

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