1 Jun, 2023

Cancro avançado da tiroide. “Selpercatinib é o fármaco com melhor perfil de segurança e tolerabilidade”

Miguel Melo, endocrinologista do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, realça a “mais-valia” da nova terapêutica para doentes com cancro da tiroide em estádio avançado e com mutação do gene RET.

O endocrinologista Miguel Melo foi um dos oradores do simpósio ‘Os avanços da Oncologia de Precisão no cancro da tiroide: onde estamos e para onde vamos?’, promovido pela Lilly no Congresso Português de Endocrinologia. À margem do evento, realçou, em entrevista, as mais-valias das terapêuticas dirigidas que, segundo disse, oferecem “taxas de resposta superiores e uma menor toxicidade nos doentes com cancro da tiroide”.

É o caso do selpercatinib, uma terapêutica utilizada no tratamento de doentes com carcinoma medular da tiroide avançado e com mutação do gene RET (uma mutação presente na maioria dos casos). Como explicou: “Comparativamente com as terapêuticas sistémicas até agora disponíveis (inibidores inespecíficos ou de primeira geração), selpercatinib mostrou melhores taxas de resposta e um perfil de toxicidade mais favorável.”

Na sua perspetiva, esta nova terapêutica é uma esperança para todos os doentes que têm de viver com um tipo de carcinoma que provoca um grande sofrimento. “Selpercatinib é o fármaco com melhor perfil de segurança e tolerabilidade, com menos efeitos secundários.” Este ponto é muito importante, segundo o endocrinologista, na medida que, além da doença em si, os tratamentos têm muito impacto no dia a dia. “Geralmente, os doentes com cancro avançado da tiroide vivem muito tempo com a sua doença e um dos problemas que enfrentávamos até agora era o da falta de qualidade de vida.”

Miguel Melo baseia-se nos resultados do ensaio de fase 1-2, LIBRETTO-001 que incluiu doentes com carcinoma medular da tiroide avançado ou carcinoma derivado do epitélio folicular da tiroide avançado, com base na presença de mutação ou rearranjo no gene RET. “Foram impressionantes, com taxas de resposta na ordem dos 70% no carcinoma medular e ainda superiores no carcinoma derivado do epitélio folicular, embora no último caso numa amostra consideravelmente mais pequena.”

Continuando: “Este fármaco vem dar resposta a uma qualidade de vida subótima, própria deste tipo de cancro, pois é uma terapêutica realmente dirigida e que exige um diagnóstico molecular prévio.”

SO

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