28 Mai, 2021

Bastonário dos Médicos defende revisão dos critérios da matriz de risco

Miguel Guimarães diz que o governo se atrasou na revisão da matriz de risco e pede a inclusão do fator 'gravidade'.

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) defende que o critério de gravidade deve ser incluído na matriz de risco da covid-19, uma revisão que “já deveria ter acontecido” e que “nada tem a ver com Lisboa”.

“Esta revisão já devia ter acontecido há duas, três, quatro semanas atrás, quando entrámos em acalmia, e agora está a ser empurrada pelo concelho de Lisboa. A revisão não tem de ser feita por causa de Lisboa (…) O Governo atrasou-se. Não o fez, paciência. Mas este é o momento de o fazer. Tem de o fazer amanhã [sexta-feira] depois da reunião dos especialistas”, disse Miguel Guimarães.

Em causa está a chamado matriz de risco associado à pandemia da covid-19 que determina as condições do desconfinamento.

Miguel Guimarães recordou que este foi feito com um algoritmo que “inclui apenas o Rt [índice de transmissibilidade] e o número de infetados por dia”, o que “fazia sentido antes”.

Agora “a avaliação do mapa de risco não pode continuar presa a estes dois indicadores, tem de se incluir a gravidade”, considerou.

O bastonário, que falava aos jornalistas à margem do debate sobre a “Reforma dos Serviços de Urgência no Pós-Pandemia” que decorreu hoje de manhã no Hospital de São João, no Porto, defendeu que “é fundamental” que na reunião de sexta-feira no Infarmed “o Governo e os peritos analisem esta situação e façam um novo mapa de risco, independentemente da questão de Lisboa”.

“Mas isto não se está a fazer para que Lisboa não confine. Se fizerem testes em massa, têm condições para controlar a situação em Lisboa”, salvaguardou.

Para explicar a sua tese, Miguel Guimarães recordou que o atual mapa de risco foi feito num período em que o princípio passava pelos serviços hospitalares que “estavam completamente saturados e o número de óbitos era elevado”.

“Foi desenhado assim, e muito bem, para uma determinada circunstância. Mas a partir do momento em que temos muito menos doentes internados – e já temos há muito tempo, não aconteceu ontem –, temos já uma folga enorme nos cuidados intensivos e o número de óbitos também caiu a pique e ainda bem, a avaliação do mapa de risco não pode continuar presa a estes dois indicadores [Rt e o número de infetados por dia]”, descreveu.

Quanto à forma de determinar a gravidade, Miguel Guimarães disse que esta “até se pode ter em conta por concelhos, por regiões, por NUTS II” e pediu que sejam incluídas variáveis como as variantes, algo que teme que não esteja a ser “muito monitorizado”.

“Temos de incluir outras variáveis. [Além] das novas variantes, [também] o registo das pessoas que já tiveram a infeção e estavam vacinadas. Isso permite-nos perceber que há novas variantes no país mesmo que não estejam a ser muito monitorizadas”, referiu.

LUSA

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