Antioxidante pode ser uma esperança na prevenção do fígado gordo não alcoólico
A investigação permitiu concluir que o AntiOxCIN4 também tem um efeito protetor na progressão da doença.
ANtiOxCIN4 é o antioxidante, patenteado pela Universidade de Coimbra e pela Universidade do Porto, que mostrou eficácia na prevenção do fígado gordo não alcoólico.
O estudo português foi publicado revista Redox Biology e resulta da colaboração entre duas equipas de investigadores: uma liderada por Paulo Oliveira, investigador principal do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC) e outra por Fernanda Borges, coordenadora do grupo de Química Medicinal do Centro de Investigação em Química da UP (CIQUP),
Ao CNC-UC coube a avaliação da eficácia biológica do novo composto e a CIQUP idealizou, sintetizou e efetuou os ensaios antioxidantes preliminares do AntiOxCIN4.
Ricardo Amorim, primeiro autor do trabalho científico e investigador do CNC-UC e do CIQUP, explica que o estudo é “o resultado de vários anos de pesquisa com esta molécula (AntiOxCIN4) e a primeira prova de conceito relativa ao uso deste antioxidante modificado na prevenção desta doença num modelo animal”.
Para validar a eficácia da molécula, os investigadores usaram um modelo animal de ratinhos que receberam o AntiOxCIN4 na sua alimentação diária, durante 16 semanas. Parte dos animais recebeu uma dieta padrão, normal, enquanto outra parte foi alimentada com uma dieta ocidental, rica em gordura e açúcar.
Os resultados não podiam ser mais promissores. Nos ratinhos alimentados com a dieta ocidental (obesos e com fígado gordo), aos quais foi administrado AntiOxCIN4, registou-se uma redução do peso corporal e do fígado (43% e 39%, respetivamente). Foi possível ver também menor dano hepático, com o melhoramento de marcadores sanguíneos hepáticos e a redução da gordura acumulada no fígado.
A investigação permitiu concluir que “o AntiOxCIN4 preveniu as consequências do fígado gordo não alcoólico num modelo de ratinhos, tendo um efeito protetor na progressão da doença”, esclarece Ricardo Amorim.
O fígado gordo não alcoólico traduz-se numa acumulação excessiva de gordura no fígado, não proveniente do consumo excessivo de álcool (superior a 10 g/dia na mulher e a 20 g/dia no homem), nem do uso prolongado de fármacos hepatotóxicos ou da ocorrência de outro tipo de doenças, como a hepatite C.
Está sim, frequentemente relacionada com maus hábitos alimentares e sedentarismo. Esta condição, muitas vezes silenciosa, pode, com o tempo, trazer consequências graves para a função hepática e, consequentemente, para a saúde. Após uma fase inicial benigna, pode prosseguir para estados mais severos, como a inflamação hepática, cirrose ou mesmo cancro hepático.
Neste trabalho também participaram investigadores do Nencki Institute of Experimental Biology of Polish Academy of Sciences e do The Children’s Memorial Health Institute, na Polónia. O estudo foi financiado por fundos do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa Operacional Factores de Competitividade (COMPETE) e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
SO/COMUNICADO