30 Set, 2025

Especialistas e doentes entregam petição para incluir vacina contra a zona no Programa Nacional de Vacinação

Os promotores da petição lembram que a vacina da zona já foi incluída nos calendários vacinais de 13 países europeus. Entre julho de 2023 e junho de 2024, foram diagnosticados em Portugal 62.985 adultos com zona, que necessitaram de cuidados de saúde devido às complicações da doença.

Especialistas e doentes entregam petição para incluir vacina contra a zona no Programa Nacional de Vacinação

Uma petição, com mais de mil assinaturas, a pedir a inclusão da vacina contra a zona no Programa Nacional de Vacinação (PNV) foi entregue no parlamento, sublinhando a urgência da medida já adotada em 13 países europeus. O documento, cujo primeiro signatário é Francisco George, especialista em saúde pública e antigo diretor-geral da Saúde, conta com o apoio de três sociedades científicas e cinco associações de doentes. Os subscritores falam em “consenso técnico e social” que legitima a necessidade de proteger a população de uma doença que pode afetar uma em cada três pessoas.

Num comunicado, os promotores da iniciativa lembram que “o apoio de mais de mil cidadãos legitima a urgência da medida, sobretudo quando 13 países europeus já incluíram esta vacina nos seus calendários vacinais, enquanto Portugal mantém esta prevenção como um privilégio apenas acessível a quem pode pagar — atualmente, sem qualquer comparticipação”. A vacinação contra a zona representa, atualmente, um encargo para o utente equivalente a cerca de 70% do indexante dos apoios sociais.

Entre julho de 2023 e junho de 2024, foram diagnosticados em Portugal 62.985 adultos com zona, que necessitaram de cuidados de saúde devido às complicações da doença. Associada a dor intensa e incapacitante, a zona pode ainda provocar perda de visão e dificuldades motoras, com forte impacto na qualidade de vida.

O problema tem também expressão económica: o custo anual da doença é estimado em 10,2 milhões de euros para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), dos quais 7,2 milhões correspondem a custos diretos e 2,4 milhões a custos indiretos, como absentismo laboral. Os peticionários defendem que a vacina, com eficácia comprovada superior a 11 anos, poderia evitar estes encargos. “A sustentabilidade do SNS exige medidas eficazes de prevenção para reduzir o impacto de doenças que comprometem a autonomia dos cidadãos e sobrecarregam o sistema de saúde”, lê-se na petição.

O documento sublinha ainda que, em Portugal, a esperança média de vida aos 65 anos é de 19,5 anos para mulheres e 17,7 anos para homens, mas menos de metade desse período é vivido com saúde, colocando o país abaixo da média europeia. “Este envelhecimento com doença reflete a necessidade urgente de estratégias preventivas eficazes”, acrescentam.  Segundo os signatários, foram já feitos vários apelos ao Governo, ao parlamento e à Direção-Geral da Saúde, mas “sem qualquer resposta concreta”, o que tem adiado sucessivamente a atualização do PNV e perpetuado desigualdades no acesso à prevenção.

A petição é apoiada pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, pela Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia e pelas associações PSOPortugal, Respira — Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas, Associação Portuguesa Contra a Leucemia, Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas e Associação Portuguesa de Insuficientes Renais.

SO/LUSA

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