28 Nov, 2025

Um terço das vagas para formação médica especializada por preencher a um dia do fim do prazo

A FNAM alertou que, a um dia do fim do concurso para o Internato de Formação Especializada, cerca de um terço das vagas continua por preencher, sobretudo em Medicina Geral e Familiar, denunciando dificuldades de fixação de médicos e falta de condições no SNS.

Um terço das vagas para formação médica especializada por preencher a um dia do fim do prazo

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) alertou hoje que, no penúltimo dia do concurso para o Internato de Formação Especializada, cerca de um terço das 2.331 vagas permanece por preencher, concentrando-se sobretudo em Medicina Geral e Familiar.

Num comunicado, a estrutura sindical indica que estão ainda disponíveis 765 vagas, salientando que a região de Lisboa e Vale do Tejo é a mais afetada e continua “incapaz de fixar médicos” devido à falta de condições no terreno.

Segundo a FNAM, as vagas em aberto situam-se em áreas estruturantes para o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), incluindo Medicina Geral e Familiar (386), Medicina Interna (132), Patologia Clínica (51), Saúde Pública (42), Medicina Intensiva (37) e Medicina de Urgência e Emergência (17). Só MGF representa mais de metade das vagas por preencher (51%).

Do total de lugares disponibilizados, permanecem vagos 56% em Medicina Geral e Familiar, 65% em Medicina Interna, 91% em Patologia Clínica, 50% em Medicina Intensiva e 55% em Medicina de Urgência e Emergência.

A FNAM lembra também que 283 dos 2.375 candidatos rescindiram previamente com o SNS, considerando esta saída “um aviso sério”. Segundo a federação, estes médicos desistiram “antes de sequer escolherem especialidade”, devido à precariedade, sobrecarga e falta de perspetivas de carreira.

A estrutura sindical recorda que os médicos internos representam 11 mil profissionais — um terço do corpo médico do SNS — e asseguram diariamente serviços inteiros, “muitas vezes sozinhos em urgências, expostos, desprotegidos e obrigados a assumir responsabilidades que não correspondem ao seu estatuto”.

A FNAM afirma que a situação tem vindo a agravar-se e cita um estudo da Ordem dos Médicos, publicado em 2023, que apontava para 25% dos internos em burnout e 55% em risco.

Face a este cenário, a federação entende ser urgente reintegrar o Internato Médico como primeira categoria da carreira médica, valorizar o médico interno enquanto trabalhador e formando, assegurar condições dignas e formação de qualidade, e criar um fundo de formação que permita acesso a cursos, congressos e produção científica.

Outra exigência é a atualização dos apoios à mobilidade e alojamento, além do “cumprimento rigoroso” da lei laboral por todas as instituições.

Segundo a FNAM, já foi enviada uma carta à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), exigindo a revisão urgente do regime e regulamento do Internato Médico, bem como medidas concretas para “travar a destruição em curso”.

SO/LUSA

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