19 Fev, 2021

Testagem em Portugal caiu para metade desde o início do confinamento

Em média estão a ser feitos menos 33 mil testes por dia. Evolução da testagem contraria a intenção do governo de aumentar o número de testes.

Portugal reduziu para metade a testagem à covid-19 durante o novo confinamento. Esta evolução contraria o objetivo das autoridades de saúde portugueses, no sentido de alargar o número de testes.

Na terceira semana de janeiro Portugal realizou 450 mil testes à Covid-19 (média de 64 mil/dia), naquele que foi o melhor período no que diz respeito à testagem. O pico foi alcançado a 22 de janeiro, com 76.965 testes realizados. Contudo, à medida que o confinamento se foi consolidando, o número de testes diminuiu consideravelmente, passando para os 417 mil na quarta semana de janeiro, para 304 mil na primeira semana de fevereiro e para 217 mil na semana seguinte (média de 31 mil/dia), segundo dados do relatório do ECDC (Centro Europeu para o Controlo e Prevenção de Doenças), divulgado esta segunda e consultado pelo SaúdeOnline.

Contas feitas, são menos 33 mil testes por dia, uma redução de 52%. A redução da testagem foi acompanhada por uma diminuição do número de novos casos neste período, bem como por um queda da taxa de positividade (que desceu de 20% para cerca de 9% a meio de fevereiro).

Portugal é o país onde a testagem à covid-19 mais diminuiu. Os dados divulgados ontem revelam que se registou uma tendência mista na Europa – com países a aumentarem a testagem e outro onde se verificou o contrário.

Por exemplo, em Itália, a testagem aumentou 56%. Em França cresceu 9%. Na Dinamarca mais 10%. Mesmo nos países que também fizeram menos testes, a diminuição não foi tão acentuada como a que ocorreu em Portugal: Alemanha (-6,5%), Espanha (-30%) ou Países Baixos (-31%).

O Governo está a preparar a operacionalização da nova estratégia de testagem à covid-19, mais alargada, que foi lançada na semana passada pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Ricardo Mexia, considera que, “se o objetivo da nova estratégia é aumentar o número de testagens, tal ainda não se materializou”, tendo ainda relacionado a redução do número de testes feitos neste período com a diminuição do número de incidências.

“Na prática, sabemos que o número de testes é feito em função dos casos suspeitos. Quando temos menor incidência, é natural que haja menos testes”, assinalou, realçando a importância dos dados sobre a positividade para esta equação.

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