SOS Voz Amiga em jornada de 48 horas para assinalar Dia Mundial da Prevenção do Suicídio
Habitualmente, a SOS Voz Amiga funciona diariamente, entre as 15:30 e as 00:30, através dos números 213544545, 912802669, 963524660 e 930712500.

A linha SOS Voz Amiga, que apoia pessoas em risco de suicídio e em situações de sofrimento emocional, iniciou ontem uma jornada de 48 horas de atendimento contínuo, para assinalar o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, que se assinala hoje.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Voz Amiga, Francisco Paulino, fez um primeiro balanço: “Entre a meia-noite e as 08:00 recebemos três chamadas. [Este número] diz-nos que o sofrimento não tem hora”. O responsável sublinhou que o contacto ocorreu antes de a iniciativa ter sido divulgada nos meios de comunicação social.
Habitualmente, a SOS Voz Amiga funciona diariamente entre as 15:30 e as 00:30, através dos números 213544545, 912802669, 963524660 e 930712500.
Segundo Francisco Paulino, esta jornada contínua, que termina às 24:00 de hoje, pretende sensibilizar e informar a população sobre um tema “muito sensível”: “Os números são cada vez mais preocupantes e este esforço extraordinário dos voluntários, que habitualmente fazem 9 horas por dia, faz todo o sentido. Informar e divulgar nunca é demais para que as pessoas saibam onde procurar ajuda.”
O presidente considerou ainda que a Linha Nacional para a Prevenção do Suicídio e de Comportamentos Autolesivos, gratuita e disponível 24 horas por dia a partir de hoje, não substitui o trabalho da SOS Voz Amiga: “Podem coexistir perfeitamente. Esta nova linha é necessária e nós aplaudimos o seu surgimento, porque o sofrimento não tem hora.”
Entre as características que distingue o serviço que dirige, Francisco Paulino destacou o anonimato, a confidencialidade e a proximidade da linguagem utilizada pelos voluntários: “Não somos técnicos de saúde mental, mas o nosso acolhimento é diferente, mais próximo de quem nos procura.”
O responsável revelou que a pandemia de covid-19 teve impacto direto no número de chamadas recebidas. Antes, a média mensal rondava as 600 chamadas, enquanto atualmente são registadas entre 900 e 1.000 por mês. “Quem estava mal, ficou pior e surgiram muitas novas situações de ansiedade e depressão”, explicou.
Entre as mudanças mais marcantes está a crescente procura por parte de jovens menores de 20 anos, alguns com apenas 12 ou 13 anos, algo que não acontecia antes da pandemia. “É um valente murro no estômago ouvir jovens dizerem que estão fartos da vida”, lamentou Francisco Paulino.
Contudo, o responsável admite que o telefone não é o meio preferido dos mais novos, que manifestam preferência por redes sociais e aplicações como o WhatsApp: “Os voluntários mal chegam para atender o telefone, mas esta seria uma necessidade a considerar.”
A SOS Voz Amiga, a linha de apoio emocional mais antiga de Portugal, celebra 47 anos em outubro. As principais situações que motivam contacto são depressão, ansiedade, comportamentos autolesivos, esquizofrenia e solidão. O perfil mais frequente de quem procura apoio continua a ser o de mulheres com mais de 60 anos, que se queixam de solidão, mas a linha recebe também chamadas de jovens, profissionais deslocados, trabalhadores sazonais e emigrantes.
SO/LUSA
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