28 Nov, 2019

Sociedade de Oncologia quer peritos externos a avaliar novos medicamentos

O presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia defende que deve haver maior informação e transparência por parte das autoridades que avaliam os medicamentos.

Em declarações à Lusa no dia em que começa o 16.º Congresso Nacional de Oncologia, Paulo Cortes frisa que a inovação é “absolutamente necessária”, reconhece que os constrangimentos para aprovação de novos medicamentos não são apenas financeiros e defende que o problema “deve ser olhado de forma mais global”.

“A inovação é absolutamente necessária. Vivemos num período em que há constrangimentos em termos de aprovação de novos fármacos, mas os constrangimentos não são só a nível financeiro. Temos que olhar o problema do ponto de vista global, em todo o percurso do doente, pois ainda há muitos problemas a resolver no acesso atempado do doente a meios de diagnóstico e a cirurgias”, afirma.

Para o responsável da SPO, “tem de haver maior informação clareza e transparência por parte das autoridades que fazem a avaliação dos medicamentos”, que deveriam ter maior celeridade, e “era desejável que estas comissões de avaliação integrassem peritos externos”.

“Não estamos a falar de substituir, mas de integrar peritos externos e envolver mais as associações de doentes (…) Eles também têm uma palavra a dizer em relação à utilização destes novos medicamentos”, refere.

Paulo Cortes diz que a proposta para que as comissões integrem peritos externos já foi apresentada e que foi bem acolhida: “Vamos ver se será bem implementada”.

“A avaliação é feita por uma entidade que está muito ligada à parte governamental. Deveria ter uma maior abertura e transparência e participação de peritos externos, sejam da Sociedade ou da Ordem dos Médicos”, diz.

Paulo Cortes admite que o doente de hoje é mais informado, mas defende que a literacia em saúde “ainda não atingiu o patamar desejado”.

A este respeito, apontou o projeto SNS Digital, que a SPO assinou com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), para alimentar a plataforma digital do SNS com conteúdos científicos da responsabilidade da Sociedade de Oncologia, dirigidos a toda a população.’.

“A visão do nosso mandato na SPO foi abrir a Sociedade a cada vez mais parceiros, para ajudar cada vez mais os doentes oncológicos, numa lógica de achar que a oncologia é multidisciplinar, mas multiprofissional”, defende o presidente da SPO.

Ao longo de três dias, mais de 600 profissionais de saúde vão discutir no Congresso Nacional de Oncologia os avanços no diagnóstico e tratamento das doenças oncológicas, sob o mote “Uma visão sobre o futuro da Oncologia em Portugal – ciência, estrutura e decisão”.

SO/LUSA

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