Sintomas da fibrose pulmonar podem estar “à vista de todos”
Os sintomas da fibrose pulmonar são a falta de ar com o esforço, tosse seca persistente, fadiga constante e sensação de aperto no peito. Especialistas alertam para diagnóstico precoce.

“Imagine subir um lanço de escadas e sentir que correu uma maratona. Ou tossir todos os dias sem saber porquê. Ou simplesmente perder o fôlego… só por tentar respirar. Estes podem ser sinais de fibrose pulmonar.” O alerta é de uma campanha de sensibilização da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), da Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP), do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da APMGF (GRESP) e da Associação Respira.
“A fibrose pulmonar é uma forma de lesão pulmonar que, na realidade, ocorre num coletivo de várias doenças intersticiais pulmonares, que evoluem com desarquiteturação cicatricial pulmonar. Em termos de causalidade, pode advir do efeito de várias exposições ambientais e ocupacionais, doenças autoimunes, efeito iatrogénico de alguns medicamentos e radioterapia prévia ou do efeito de determinadas mutações genéticas”, explica Pedro Gonçalo Ferreira, da SPP.
Contudo, como acrescenta, “uma porção significativa dos casos são denominados de idiopáticos, precisamente por não terem um mecanismo causal totalmente clarificado”.
Para Cláudia Almeida Vicente, coordenadora do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da APMGF, “a fibrose pulmonar é uma doença pulmonar desafiante, com um prognóstico reservado a qualquer que seja a especialidade médica”.
Como médica de família, diz que, nos cuidados de saúde primários, o desafio é considerar este diagnóstico perante quadros de tosse ou dispneia persistentes. “A referenciação precoce pode ser a chave para o sucesso. Do outro lado da doença, fica também o acompanhamento do doente ao longo do tempo, e das eventuais comorbilidades; bem como o apoio à família nesta dura doença que não deixa ninguém indiferente.”
“Os doentes enfrentam desafios enormes: a sensação de asfixia, a perda de autonomia, a dependência de terceiros. Tudo isto podia ser minimizado com um diagnóstico mais rápido que, infelizmente, ainda continua, em alguns casos, a demorar anos”, alerta José Albino, presidente da Associação Respira.
Contribuir para o aumento da literacia em saúde é um dos grandes objetivos da campanha, já que, como salienta José Alves, presidente da FPP. “Se não for tratada, a doença agrava-se.”
Além da campanha de sensibilização durante o mês de setembro, a Associação Respira anuncia a criação do Núcleo das Doenças do Interstício Pulmonar, “um espaço pensado para os doentes, com os doentes, onde se partilham direitos, se divulgam inovações e se constrói uma rede de apoio real”. O primeiro encontro do núcleo acontece já no dia 11 de outubro, na sede da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. “Queremos que os doentes tenham voz, que saibam que não estão sozinhos e que há caminhos possíveis, mesmo quando o ar parece faltar”, esclarece José Albino.
Maria João Garcia
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