Sida matou 70 mil pessoas em 2017 em Moçambique
No total, mais de dois milhões de pessoas viviam com a doença até o final do ano passado no país, segundo o diretor executivo da CNCS, Francisco Mbofana, citado pelo diário Notícias
Cerca de 70 mil pessoas morreram em Moçambique devido à sida em 2017, anunciou o Conselho Nacional de Combate à Sida (CNCS).
No total, mais de dois milhões de pessoas viviam com a doença até o final do ano passado no país, segundo o diretor executivo da CNCS, Francisco Mbofana, citado pelo diário Notícias.
Do número total de infetados, 168.763 são crianças até aos 14 anos de idade e os restantes são adultos.
Em 2017, as infeções diminuíram em 15% e o número de unidades sanitárias que fornecem tratamento antirretroviral aumentou em 57% por todo país.
Embora haja mais beneficiários de tratamento antirretroviral e o número de unidades sanitárias a oferecer o serviço tenha aumentado, Moçambique continua longe de atingir as metas definidas pelas Nações Unidas para 2020 no combate a doença.
O Governo moçambicano estima que 64% da população infetada tenha conhecimento do seu estado e que deste grupo só 54% esteja em tratamento antirretroviral, dos quais apenas 40% terão alcançado a supressão viral – o objetivo é chegar a 90% em cada patamar.
O país continua a ser o segundo da África Austral e Oriental com maior número de novas infeções por ano, depois da África do Sul, segundo dados da agência UNAIDS de 2016.
Situação Global
Um total de 1,8 milhões de pessoas contraiu o vírus da sida no ano passado, menos 5,3% do que em 2016, enquanto o número de mortos relacionados com a doença baixou 5%, segundo estimativas da ONUSIDA.
A entidade revela no seu relatório anual sobre a evolução da pandemia publicado hoje que desde o pico alcançado em 1996, as novas infeções caíram 47%, enquanto o número de mortes de 2004 desceu mais de 51%.
A cobertura dos tratamentos antirretrovirais expandiu-se, sendo que no final de 2017 tinham-nos recebido 21,7 milhões de pessoas no mundo, cinco vezes e meia mais do que há dez anos.
De acordo com o relatório, 75% das pessoas que vivem com o HIV sabem que têm o vírus e, entre elas, 79% recebem esse tipo de tratamento, o que significa que, para 80% delas, a carga viral foi suprimida.
Assim, do total de infetados (36,9 milhões no final de 2017, 600.000 a mais do que um ano antes), 57% recebeu os tratamentos e 47% têm a carga viral suprimida.
No final, o aumento da disponibilidade dos medicamentos resultou numa redução de 34% do número de mortes por doenças relacionadas com a Sida entre 2010 e 2017.
No caso da África Austral e Oriental, onde 53% das pessoas em todo o mundo vivem com o HIV, a diminuição da mortalidade nesse período foi de 42% e a das novas infeções de 30%.
No Médio Oriente, norte da África, Europa Oriental e Ásia Central, o número de novas infeções quase duplicou desde 2000, devido às deficiências dos programas de prevenção primária.
As deficiências dos programas explicam porque o número de novas infeções diminuiu desde 2010 em apenas 18%, longe dos 75%, a meta para 2020 que a Assembleia Geral da ONU fixou em 2016.
Na altura, esperava-se que a pandemia deixasse de ser uma ameaça para a saúde até 2030.
No que diz respeito aos fundos internacionais disponíveis para financiar novas infeções, no ano passado aumentaram 8%, representando 20.600 milhões de dólares.
No entanto, a ONUSIDA alerta para o facto de que em 2017 “não houve novos compromissos significativos” por parte dos doadores, temendo-se até que diminuam.
No relatório, a entidade refere estar preocupada com o abandono por parte de alguns grupos chave devido à prevalência da doença, particularmente homens que mantêm relações homossexuais (a probabilidade de contrair o HIV é 28 vezes maior que a dos homens com relacionamentos heterossexuais), aqueles que consomem medicamentos injetados (22 vezes mais risco) ou prostitutas (13 vezes mais).
Estes grupos de risco e os seus parceiros representaram cerca de 40% das novas infeções registadas no ano passado.
Desde o início da epidemia, os especialistas desta agência estimam que 77,3 milhões de pessoas contraíram a infeção e 35,4 milhões morreram de doenças relacionadas a sida.
LUSA/SO/MM