22 Jul, 2020

Santa Maria recua e Urgência Noturna de Oftalmologia não fecha já em Lisboa

Ordem dos Médicos já criticou proposta da ARS de Lisboa, que prevê apenas um especialista de prevenção. Novo modelo não entra já em vigor, com Santa Maria a garantir urgÊncia.

A Ordem dos Médicos critica a decisão da Administração Regional de Saúde de deixar toda a região de Lisboa sem urgência noturna de oftalmologia, ficando apenas um especialista de prevenção para doentes politraumatizados, internados ou casos de glaucoma agudo.

A Ordem dos Médicos e o seu colégio de Oftalmologia citam uma informação enviada pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) aos hospitais que “determina que toda a região de Lisboa fique sem urgência noturna de oftalmologia no período entre as 20:00 e às 08:00”.

A urgência noturna de oftalmologia funcionava, até agora, no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) e/ou no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), recordam. “Isto significa que de noite deixa de haver qualquer urgência polivalente de oftalmologia aberta, desde o Algarve até Coimbra”, sublinha a Ordem dos Médicos (OM).

De acordo com a informação enviada pela ARSLVT aos hospitais citada pela OM, “durante o período das 20:00 às 08:00 não haverá atendimento de doentes externos, sendo que estes doentes serão observados no dia seguinte nos Hospitais da sua área ou, caso isso não seja possível, serão enviados durante o período diurno para o CHULN e para o CHULC, consoante as suas respetivas áreas de referenciação”.

 

Ordem dos Médicos alerta que mínimo são dois médicos em presença física

 

A ARSLVT, frisam, invoca que com este encerramento está a “garantir a segurança necessária e o cumprimento das normas recomendadas pelo Colégio da Especialidade de Oftalmologia da Ordem dos Médicos”, uma afirmação “que invoca de forma abusiva e inadmissível o nome do colégio e da Ordem”.

De acordo com as normas do Colégio de Oftalmologia, a equipa tipo para urgências de oftalmologia com mais de 20 urgências (como é o caso do CHULN e CHULC) é composta por dois médicos em presença física, “até porque em caso de necessidade de intervenção cirúrgica são necessários dois especialistas”, recordam.

No caso dos serviços que asseguram as urgências metropolitanas (Porto, Coimbra e Lisboa) onde seja expectável garantir cuidados cirúrgicos de urgência, “defende-se até que os serviços tenham um terceiro elemento em regime de prevenção para garantir o normal funcionamento da urgência sempre que necessário”, diz a Ordem.

Sobre o mesmo assunto, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) diz ter recebido “com surpresa, desalento e preocupação” a decisão, que considera “mais um ataque ao SNS [Serviço Nacional de Saúde] e à saúde dos portugueses”.

“Numa área de vital importância como a saúde ocular, assistimos à leviandade deste ministério em acabar com esta valência de crucial importância”, refere o SIM, acrescentando: “Mais uma medida que em vez de defender o SNS o fragiliza ampliando a possibilidade de lesões irreversíveis”.

ARS vai reavaliar novo modelo

 

“Face a algumas dúvidas levantadas durante o dia de hoje sobre o modelo adotado, e dado que se deseja uma discussão o mais alargada possível sobre este processo, em articulação com a ARSLVT foi decidido com os três hospitais continuar a dar continuidade a um estreito trabalho para identificar potenciais possibilidades de melhorar a atual proposta”, destaca o organismo em comunicado.

Entretanto, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) assegurou que a urgência de oftalmologia naquela região vai continuar a ser garantida à noite com a presença física de médicos.

“Tendo em conta que o modelo de reorganização da UML-Oftalmologia [Urgência Metropolitana de Lisboa], apesar de científica e clinicamente válido, não reúne ainda o necessário consenso alargado, o CHULN decidiu, em articulação com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, manter o modelo anterior, garantindo uma escala de urgência em presença física”, referiu em comunicado este centro hospitalar.

SO/LUSA

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