Recuperar e prevenir: o papel da fisioterapia no rendimento e na longevidade desportiva

O crescimento da Fisioterapia no Desporto
Há várias décadas que a fisioterapia está presente no desporto. Em Portugal, entre o final da década de 70 e o início da década de 80, o fisioterapeuta começou a ser parte integrante da equipa técnica de vários desportos (tanto coletivos como individuais) e, desde então, o (bom) trabalho realizado pelos fisioterapeutas envolvidos no mundo desportivo tornou imprescindível a sua presença em vários contextos.

Num contexto profissional, nos desportos coletivos, encontram-se muitos exemplos de clubes, de várias modalidades, que têm mais que um fisioterapeuta a acompanhar as suas equipas seniores. Já nos desportos individuais, são também muitos os exemplos de atletas que têm um fisioterapeuta que os acompanha durante toda a carreira, muitas das vezes presente em todos os treinos e competições. Nas melhores ligas de vários desportos coletivos, onde os valores auferidos pelos atletas permitem que estes invistam mais na sua saúde, bem-estar e performance, são comuns os exemplos de atletas que têm o seu fisioterapeuta pessoal, que os acompanha permanentemente, independentemente do clube onde jogam.

Também no desporto amador vemos uma crescente procura por parte dos praticantes -independentemente do nível, frequência ou intensidade do desporto praticado – de serviços de fisioterapia, não só em períodos de lesão, mas também com um intuito preventivo.

Desta forma, cabe ao fisioterapeuta no Desporto garantir que, para além da adequada capacidade científica, técnica e social, guia a sua prática pelo que deve ser o gold-standard da Fisioterapia no Desporto.

O perfil de competências do Fisioterapeuta no Desporto
Dentro das 11 competências chave que a International Federation of Sports Physical Therapy (IFSPT), subgrupo reconhecido da World Physiotherapy (WP), refere que o fisioterapeuta no Desporto deve ter, são absolutamente essenciais:

• A capacidade de reduzir o risco de lesão inerente à participação desportiva, através do conhecimento profundo do desporto específico, fatores de risco associados à prática e elaboração e implementação de estratégias que minimizam o impacto desses fatores;
• Responder de forma apropriada perante situações de lesão aguda, em treino ou competição, devendo ter a capacidade de avaliar, classificar a lesão, e comunicar de forma clara com outros elementos da equipa técnica ou outros profissionais de saúde envolvidos;
• Reabilitar atletas lesionados utilizando estratégias, técnicas e procedimentos baseados em evidência, de forma a tornar o processo de retorno à prática desportiva célere e seguro;
• Otimizar as condições para a maximização da performance do atleta, em colaboração com equipas multidisciplinares;
• Ser um agente promotor de hábitos saudáveis, da prática segura e sustentável do desporto, livre de doping e quaisquer outras substâncias ilícitas, bem como ser um defensor e difusor de práticas éticas e saudáveis relativamente a suplementação, terapias medicamentosas;
• Manter-se constantemente atualizado sobre as melhores práticas, evidência mais recente e inovações técnicas e tecnológicas, através da participação em eventos e congressos, da realização de formações pertinentes e da leitura de publicações científicas da área da Fisioterapia Desportiva, utilizando depois, na sua prática diária, tudo o que for útil e benéfico para os atletas, devendo também contribuir para a investigação científica quando possível, e partilhar todo o conhecimento adquirido com as equipas multidisciplinares em que se insere, com os atletas e, também, com os seus pares.

Em suma, seja qual for o contexto desportivo em que o fisioterapeuta se insere, é seu dever manter-se constantemente atualizado a nível científico e técnico, devendo também estudar os desportos praticados pelos atletas que acompanha, as suas particularidades a nível biomecânico e técnico, capacitando-se de conhecimento que o permita elaborar estratégias de otimização de performance, prevenção de lesões, ou reabilitação das mesmas, seguindo sempre a evidência mais atualizada e robusta que esteja disponível.

Seguindo e aplicando estes princípios, desde o final dos anos 70 que os fisioterapeutas em Portugal mostraram ser peças essenciais em qualquer contexto desportivo que pretenda ser seguro, sério e cujo objetivo seja alcançar melhores resultados de forma sustentada.

Mostrando resultados positivos no que toca à prevenção e à reabilitação de lesões, foram conquistando os atletas. Mantendo a ambição em aprender mais, partilhar o conhecimento com os seus pares e quem os rodeia, conquistaram as equipas multidisciplinares em que se inserem, os dirigentes e stakeholders. Sendo indispensáveis para que os atletas de elite possam prolongar as suas carreiras ao mais alto nível e dar, de forma saudável e sustentável, espetáculo, entretenimento e emoção a milhões de pessoas que os seguem, conquistaram o mundo.

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