22 Jan, 2019

Portugueses são mais afetados por demência vascular do que por Alzheimer

Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluíram, com base num estudo que avaliou 730 indivíduos com mais de 55 anos, que os portugueses são mais afetados por demência vascular do que por Alzheimer.

Numa nota publicada hoje no ‘site’ de notícias da Universidade do Porto, o ISPUP explica que o estudo, que avaliou a prevalência de défice cognitivo e de demência, apurou que “a principal causa de demência em Portugal está relacionada com fatores vasculares e não com a doença de Alzheimer”, contrariamente ao que se sucede na maior parte dos países ocidentais da Europa.

O estudo, designado “Prevalence and Causes of Cognitive Impairment and Dementia in a Population-Based Cohort From Northern Portugal” e publicado recentemente na revista American Journal of Alzheimer’s Disease & Other Dementias, avaliou uma amostra de 730 indivíduos com idade superior a 55 anos, tendo como objetivo identificar as “causas mais frequentes” e encontrar o modo de prevenção do declínio cognitivo.

“Os resultados mostram que cerca de 4,5% dos indivíduos com mais de 55 anos apresentam demência ou défice cognitivo ligeiro”, frisou o instituto, na nota publicada.

Citado pelo ISPUP, Luís Ruano, primeiro autor do estudo, salientou que, para além da elevada incidência de casos de acidente vascular cerebral em Portugal, comparativamente com os restantes países ocidentais, a principal causa para esta diferença pode estar relacionada com o consumo de peixe.

“O facto de Portugal ser o país da Europa com maior consumo de peixe, particularmente peixe gordo, parece estar associado a menor risco de demência e de Alzheimer”, referiu, acrescentando que esta diferença entre países pode também estar relacionada com a “menor prevalência entre a população portuguesa do alelo ε4 do gene APÕE”, fator genético de risco mais comum para a doença de Alzheimer.

De acordo com o ISPUP, a mensagem positiva deste estudo é que “a demência vascular pode ser evitada pela modificação dos estilos de vida”, com a adoção de medidas de prevenção primárias como “a prática de uma dieta saudável, de exercício físico regular e controlo dos principais fatores de risco cardiovasculares”.

O estudo, realizado pelo ISPUP, contou também com a colaboração do Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga e a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

LUSA

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais