<i class="iconlock fa fa-lock fa-1x" aria-hidden="true" style="color:#e82d43;"></i> Pacientes jovens e cancro da mama. Um problema antigo que tem vindo a aumentar?
Médica especialista em Saúde Pública

Pacientes jovens e cancro da mama. Um problema antigo que tem vindo a aumentar?

Recentemente, são vários os artigos (e notícias) a notar um aumento do número de adultos jovens (20-49 anos) diagnosticados com cancro, particularmente do sexo feminino, em vários países. Apesar de se considerar um número inferior de casos nesta faixa etária, quando comparada com a faixa etária dos adultos mais velhos (≥ 50 anos), o impacto da incapacidade causada pela doença e pelo tratamento é superior – tornando este aumento particularmente preocupante para a saúde pública e para os serviços de saúde.

Em Portugal, foi estudada a evolução da incidência e da mortalidade do cancro, entre 2001-2021 e 1991-2021, respetivamente. Numa primeira fase, verificou-se que o aumento da taxa de incidência de cancro padronizada à idade (ASIR), por 100.000 pessoas, entre 2001 e 2021, foi superior nas mulheres jovens (+35% nos 20-49 anos vs +19% nas ≥ 50 anos), mas não nos homens jovens (+8% nos 20-49 anos vs +17% nos ≥ 50 anos). Por isto, numa segunda fase, foi necessário perceber com maior pormenor a evolução da incidência do cancro nas mulheres jovens.

Relativamente à evolução da ASIR dos diferentes tipos de cancro em mulheres jovens, verificou-se que, apesar de outros cancros mostrarem aumentos superiores, nomeadamente o da tiroide (+109%), do pâncreas (+86%) e do fígado (+75%), o aumento no cancro da mama (+54%) compreendeu um peso em número de casos bastante superior, por representar 46% do total de cancros nesta população em 2021. Além disso, o cancro da mama apresentou um aumento considerável a partir de 2018, com uma ASIR que até então se aproximava de 30 novos casos por 100.000 mulheres jovens, e depois sobre para valores próximos de 40.

Ainda sobre a evolução da ASIR do cancro da mama, é evidente a evolução da incidência no grupo etário dos 45 aos 49 anos, que se iguala à dos restantes grupos de idades quinquenais incluídos anteriormente no rastreio do cancro da mama (50-74 anos), suportando o seu alargamento em 2025 (para 45-74 anos).

Por outro lado, a taxa de mortalidade por cancro da mama padronizada à idade em mulheres jovens, por 100.000 habitantes, entre 1991-2021, registou uma diminuição até 2018 (de 5,3 para 3,1), seguido de um ligeiro aumento a partir de 2019 (de 3,1 para 4,1 – o valor mais alto desde 2007). Um dos motivos para este aumento será o próprio aumento da incidência verificado desde 2018. Contudo, serão necessários mais estudos para perceber o motivo, uma vez que este aumento da mortalidade não se verificou em mulheres com mais de 50 anos de idade, onde a diminuição foi consistente até 2021.

Em suma, o cancro da mama é de facto um “problema antigo” que tem vindo a aumentar, não só ao nível da incidência como da mortalidade mais recente. Torna-se, por isto, premente olhar para este desafio e pensar na promoção da saúde e gestão do cuidado desta população.

 

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