27 Out, 2023

“’Outubro Rosa’ é de extrema importância. Destaca a consciencialização sobre o cancro da mama”

No âmbito do mês dedicado ao cancro da mama – “Outubro Rosa” – o Serviço de Oncologia Médica do IPO Lisboa realizou um workshop dirigido a doentes, familiares e cuidadores. Inovação terapêutica, testes genéticos, impacto do exercício físico no cancro, sexualidade e a importância do autocuidado na doença oncológica foram alguns dos temas abordados nesta sessão, que contou com cerca de 50 participantes. Patrícia Pereira e Diana Pessoa, oncologistas e organizadoras da iniciativa, falam sobre a mesma.

Qual o objetivo deste workshop sobre cancro da mama?
Patrícia Pereira – O objetivo do workshop foi proporcionar um espaço de informação fidedigna e abrangente para doentes diagnosticados com cancro da mama, assim como para os seus familiares e amigos. Visámos esclarecer as mais variadas dúvidas sobre nutrição, exercício, fertilidade, inovação terapêutica, risco genético, questões sociais, sexualidade e autocuidado e imagem, temas cruciais para o envolvimento do doente nos cuidados da sua doença, bem como promover o bem-estar emocional e físico ao longo do percurso da sua doença oncológica.

 

Qual a importância de termos um mês dedicado ao cancro da mama – “Outubro Rosa”?
Diana Pessoa – O “Outubro Rosa” é de extrema importância, porque destaca a consciencialização sobre o cancro da mama, promovendo a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, sendo uma janela de oportunidade para informar e sensibilizar as pessoas de todas as dúvidas que possam surgir acerca deste tema.

 

Qual a incidência e prevalência do cancro da mama?
Diana Pessoa – Em Portugal, com uma população de 10 milhões, foram diagnosticados, em 2020, cerca de 7 mil novos casos de cancro da mama e 1.800 pessoas morreram com esta doença. A prevalência aos 5 anos, em 2020, foi de cerca de 27 mil casos por 100 mil habitantes (dados do Globocan 2020).

 

Considera que em termos de prevenção as mulheres já estão mais sensibilizadas para esta patologia? Ou é preciso trabalhar mais nesse sentido?
Patrícia Pereira – Embora haja progresso na sensibilização, é fundamental continuar a trabalhar nesse sentido. A prevenção, deteção precoce e acesso a tratamentos inovadores são elementos-chave no melhor tratamento desta patologia.

 

A que sinais de alerta mulheres e médicos assistentes devem estar atentos, para uma referenciação atempada?
Patrícia Pereira – Sinais como alterações mamárias (retração ou alteração da cor/forma/tamanho da mama), nódulos palpáveis na mama, axila ou no pescoço, dor mamária persistente, retração e/ou secreção ou perda de líquido pelo mamilo devem ser observados por médico. Caso se trate de uma mulher saudável e sem sintomas, deve ser incentivado a realização do rastreio populacional do cancro da mama (mamografia bianual dos 50 aos 69 anos).

 

Qual o balanço que faz deste workshop?
Diana Pessoa – O workshop superou as nossas expectativas, com uma afluência de mais de meia centena de pessoas interessadas em aprender e a partilhar experiências pessoais, com colocação de dúvidas muito pertinentes. Houve uma grande interação entre o público e os palestrantes que realizaram excelentes apresentações, permitindo com toda a certeza uma aprendizagem recíproca.

 

Este workshop foi dedicado a doentes, familiares e cuidadores. Qual o critério para a escolha dos temas do programa?
Diana Pessoa – Os temas foram escolhidos considerando as necessidades e dúvidas que os doentes, familiares e cuidadores colocam durante as consultas e que dado o tempo reduzido durante a consulta é difícil abordá-los com rigor de forma a permitir um esclarecimento completo e adequado. Destacamos a importância de abordar aspetos físicos, emocionais e sociais para promover uma abordagem holística à saúde.

 

Quais as principais dúvidas colocadas pela audiência?
Patrícia Pereira – Foram muitas as questões colocadas pela audiência, desde como se pode entrar num ensaio clínico, qual a indicação para realização de um teste genético, e várias questões/dúvidas relacionadas sobre nutrição e exercício físico.

 

Quais os maiores desafios dos profissionais de saúde no que respeita ao tratamento e seguimento destas doentes?
Patrícia Pereira – Um dos maiores desafios, hoje em dia, prende-se com a inovação terapêutica, que apesar de felizmente ser responsável pelo aumento da taxa de sobrevivência, obriga a uma gestão minuciosa das toxicidades inerentes ao tratamento, muitas delas tardias. Além disso, dado a perceção cada vez mais do cancro da mama como uma doença crónica, algumas doentes apresentam uma sobrevivência especialmente longa, com tratamentos prolongados, tornando-se complexa a gestão de expectativas ao longo da doença e das suas diversas fases.

 

A reunião correspondeu suas expectativas?
Diana Pessoa – Sim, as expectativas foram mais do que superadas. A participação ativa e o interesse da audiência mostram a relevância de eventos como este no IPO Lisboa, um instituto que não só trata o cancro como também está envolvido na formação e investigação da doença oncológica. Esperamos poder realizar mais eventos destes num futuro próximo.

 

SM

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