11 Jan, 2021

Ordem envia lista à tutela com 4 mil médicos fora do SNS que se querem vacinar

Maioria destes médicos trabalham em clínicas e consultórios particulares. Bastonário diz que é "inaceitável" que milhares de médicos ainda não tenham sido contactados.

A Ordem dos Médicos (OM) enviou ao Ministério da Saúde uma lista de mais de 4.000 médicos que trabalham fora do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e querem ser vacinados contra a covid-19.

Segundo a ordem, o bastonário dos médicos, Miguel Guimarães, tem recebido “diversos contactos” de colegas que não trabalham no SNS e que não receberam nenhuma informação sobre quando serão vacinados.

“Tendo o Ministério da Saúde identificado os médicos e profissionais de saúde como grupo prioritário, não é aceitável que todos os médicos portugueses, incluindo os que trabalham fora do SNS, não tenham sido ainda contactados”, defende Miguel Guimarães, citado no comunicado.

O bastonário decidiu realizar um inquérito a todos os médicos para perceber quem está fora do SNS, sem informação sobre a vacina e com intenção de a receber, tendo em “poucos dias” compilado 4.043 contactos. Segundo dados da OM, há quase 1.800 médicos da zona da Grande Lisboa, mais de 900 do Porto, cerca de 300 de Coimbra e mais de 240 de Setúbal.

 

Médicos com mais de 65 anos são os que mais mostram vontade de receber vacina

 

Mas a listagem inclui médicos de todo o país: Aveiro (61), Beja (11), Braga (136), Bragança (8), Castelo Branco (25), Évora (38), Faro (115), Guarda (22), Leiria (61), Oeste (52), Portalegre (15), Ribatejo (78), Viana do Castelo (31), Vila Real (27) e Viseu (49). Há ainda 36 médicos da Madeira e 26 dos Açores.

Mais de 1.500 têm entre 65 e 74 anos, seguindo-se perto de 900 entre os 55 e os 64 anos. O terceiro grupo com mais peso tem mais de 600 médicos entre 35 e 44 anos, seguindo-se quase 500 médicos dos 45 aos 54 anos, e cerca de 260 com mais de 75 anos e outros 260 com menos de 35 anos.

Em quase 60% dos casos os médicos trabalham em clínicas e consultórios particulares, adianta a OM.

Para Miguel Guimarães, “os critérios relativos à definição de prioridades e à sua aplicação prática deveriam ser uniformes e envolver todo o país e não apenas uma parte do mesmo, até porque muitos portugueses encontram hoje resposta para os seus problemas de saúde em consultas, exames e cirurgias proporcionados fora do SNS, seja a título privado ou convencionado”.

Realça ainda que, “numa altura de muito preocupante expansão da pandemia, é ainda mais central que não se fechem serviços por surtos nos próprios profissionais”.

Na listagem que a OM enviou à tutela, o bastonário destaca que mais de 1.000 fazem serviço de urgência.

“Nesta listagem que enviámos à tutela, há ainda quase 1.400 prestadores de serviço, mas que por trabalharem normalmente no SNS sem vínculo e sim através de empresas prestadoras de serviços também não têm sido contemplados”, alerta o bastonário.

LUSA

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