3 Jun, 2020

Ordem acusa Hospitais de Coimbra de “impedir” médicos de trabalharem noutras unidades

Secção Regional do Centro da OM classifica atitude do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra como "moralmente reprovável". CHUC diz que faz "apreciação casuística".

A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) condenou a decisão do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) de “impedir” médicos de trabalharem noutras unidades de saúde.

“Impedir médicos de ir trabalhar noutras unidades, após o seu horário de trabalho, é moralmente reprovável, precisamente numa fase em que estas instituições de saúde precisam de retomar a atividade”, salienta o presidente da SRCOM, Carlos Cortes, em comunicado enviado à agência Lusa.

O dirigente salienta que há vários hospitais que contam com o apoio dos profissionais de saúde do CHUC fora das horas de trabalho para a sua normal atividade, “num contexto de especial complexidade, ainda a enfrentar o impacto da pandemia da covid-19”, com a retoma da atividade assistencial.

 

“Escandalosa a falta de solidariedade com doentes”

 

Segundo Carlos Cortes, “já não é a primeira vez que o Conselho de Administração o tenta fazer – já o fez no início desta crise pandémica e foi, inclusivamente, desautorizado pela própria ministra da Saúde”.

Face à decisão do CHUC de impedir acumulações públicas ou privadas, o presidente da SRCOM considera “escandalosa a falta de solidariedade com doentes que possam recorrer a outras unidades de saúde”.

Em resposta, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) esclarece que a acumulação de funções dos seus profissionais é decidida casuisticamente nos novos pedidos, depois das críticas da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM).

 

CHUC sublinha que faz “apreciação casuística”

 

“Toda e qualquer acumulação de funções, mesmo em tempo que não de pandemia, requer legalmente autorização do Conselho de Administração e é isso que se está a fazer para os novos pedidos”, refere um comunicado enviado à agência Lusa.

O CHUC refere que, tendo em conta uma circular da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), recomenda uma “apreciação casuística em face da disponibilidade do profissional e da necessidade da instituição ou entidade onde é exercida a atividade em acumulação”.

Acrescenta ainda que deve ser tida em conta “a relevância da atividade a desenvolver em regime de acumulação de funções no contexto da atual emergência de saúde pública”.

“Obviamente que em tempo de pandemia, quando se restringiu ao máximo a circulação das pessoas no interior do CHUC, criando-se equipas em espelho e isolamento profilático, melhor se compreende a necessidade de evitar (e não proibir ou impedir) que os seus profissionais acumulassem funções noutras instituições/locais de trabalho, procurando, desta forma, reduzir o risco de contágio dos seus profissionais e logo dos doentes que confiam neste centro hospitalar”, explica o comunicado.

SO/LUSA

 

[box] Notícias Relacionadas:

Hospitais de Coimbra negam esvaziamento do polo dos Covões

O presidente do CHUC, Fernando Regateiro, realça a importância do Hospital dos Covões para acolher “funções assistenciais relevantes”.

Hospitais do Médio Tejo anunciam nova fase e retoma da normalidade dos serviços

O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) anunciou o “início de uma nova fase” de resposta à covid-19, com os serviços transferidos a regressarem aos locais de origem e com a reposição do horário completo nas Urgências Básicas.

[/box]
Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais