2 Dez, 2025

OMS recomenda uso de medicamentos GLP-1 para a obesidade

A OMS recomenda pela primeira vez a utilização de medicamentos GLP-1, inicialmente usados na diabetes, para tratar a obesidade, doença que afeta mil milhões de pessoas. O guia inclui os fármacos na lista de medicamentos essenciais e defende acesso equitativo a estas terapias.

OMS recomenda uso de medicamentos GLP-1 para a obesidade

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou pela primeira vez a expansão do uso de uma classe de medicamentos originalmente destinados à diabetes e à perda de peso no tratamento da obesidade, que afeta cerca de mil milhões de pessoas no mundo.

O primeiro guia da OMS sobre terapias com péptidos semelhantes ao glucagon-1 (GLP-1), incluindo fármacos como o semaglutido, indica o seu uso para adultos obesos, defende acesso equitativo e inclui estas terapias na lista de medicamentos essenciais da organização, atualmente composta por 532 terapias consideradas indispensáveis para um sistema de saúde básico.

A medida, anunciada na segunda-feira, pretende orientar políticas públicas e incentivar os sistemas de saúde a melhorar o acesso a estes medicamentos. A OMS sublinha que estes tratamentos devem ser universalmente e financeiramente acessíveis.

“As nossas novas diretrizes reconhecem que a obesidade é uma doença crónica que pode ser tratada com cuidados abrangentes e contínuos”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. Segundo ele, embora os medicamentos não resolvam sozinhos a crise global de obesidade, “as terapias com GLP-1 podem ajudar milhões de pessoas a reduzir os efeitos adversos da doença”.

O responsável explicou que estas terapias se inserem numa estratégia de três pilares: criar ambientes mais saudáveis com políticas robustas; proteger indivíduos de alto risco através de deteção e intervenção precoces; e garantir acesso a cuidados centrados na pessoa e ao longo da vida para quem vive com obesidade.

Os medicamentos com GLP-1, como semaglutido, liraglutido e dulaglutido, atuam no controlo da glicose, na supressão do apetite e na promoção da perda de peso, sendo usados no tratamento da diabetes tipo 2 e da obesidade.

A obesidade esteve associada a 3,7 milhões de mortes em 2024, e sem intervenções eficazes, o número de pessoas afetadas poderá duplicar até 2030. O diretor-geral da OMS destacou que os novos medicamentos constituem “uma ferramenta clínica poderosa que oferece esperança a milhões de pessoas”.

As novas diretrizes recomendam o uso de terapias com GLP-1 no tratamento de longo prazo da obesidade em adultos, exceto mulheres grávidas. A recomendação é condicional, devido à falta de dados sobre efeitos a longo prazo, custos atuais, preparação dos sistemas de saúde e possíveis implicações em termos de equidade.

Em Portugal, estas terapias são comparticipadas pelo SNS apenas para doentes diabéticos. Segundo dados do Infarmed, entre janeiro e setembro deste ano, os antidiabéticos representaram o maior encargo do SNS, com 354,6 milhões de euros. O uso destes fármacos para perda de peso já provocou problemas de escassez para doentes diabéticos, levando o Infarmed a lançar, em janeiro, um processo alargado de auditorias e inspeções.

LUSA/SO

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