9 Mai, 2022

OMS aponta falta de recursos humanos como grande desafio da Saúde em Portugal

Organização defende que é preciso incentivos para manter os profissionais de saúde no Serviço Nacional de Saúde.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) apontou a escassez de recursos humanos no sistema de saúde português, levados ao limite durante a pandemia da covid-19.

“Um dos grandes desafios que identificámos tem a ver com os recursos humanos. A pandemia mostrou-nos os limites e até que ponto foram testados no país. Isto passa-se em todos os níveis do sistema, em todos os setores, nem se limita ao setor da saúde”, afirmou aos jornalistas Stella Chungong, diretora do departamento de Preparação Sanitária daquela agência das Nações Unidas, na sede do Infarmed, em Lisboa.

A responsável da OMS liderou uma equipa que esteve durante a semana a avaliar a preparação do sistema de saúde português para enfrentar situações de emergência como a covid-19 e defendeu que é preciso incentivos para manter os profissionais de saúde no Serviço Nacional de Saúde.

Pela Direção-Geral da Saúde, a diretora do Centro de Emergências em Saúde Pública, Paula Vasconcelos, afirmou que a análise “de olho externo” da OMS ilustrou como “as pessoas se dobraram para fazer o seu trabalho” durante a pandemia e “até que ponto cabe a Portugal repensar como reestruturar os seus serviços de saúde e recursos humanos”:

“A OMS apontou claramente que há que investir nos processos, nas tecnologias que os ajudam a ser mais rápidos e na melhoria da capacitação dos recursos humanos” para agir melhor em casos de futuras emergências, usando “os circuitos que Portugal tão bem improvisa durante as crises” e incorporando-os na forma de trabalhar.

“Estamos a pedir um diálogo interministerial que envolva a Saúde e a Educação para que se diga como melhorar os profissionais, mas também como convencê-los a ficar. Se não virem incentivos claros para que permaneçam, façam o seu trabalho e se sintam felizes, irão para outros sítios”, referiu Stella Chungong.

Stella Chungong disse que durante a pandemia, sobretudo as fases mais agudas, “as pessoas tiveram que fazer o seu trabalho normal, tiveram que fazer tarefas relacionadas com a covid-19, ir para casa e tratar de familiares doentes e voltar aos hospitais para enfrentar pessoas que estavam a morrer, isso foi muito ‘stressante'”.

“É importante incentivar o pessoal de saúde a ficar, mas também aumentar o número de profissionais”, reforçou, começando na formação que recebem nas universidades e outros níveis da educação a equipá-los com meios que os tornem “resilientes ao lidar com assuntos tão sérios como a pandemia, que testou a Humanidade, as famílias e a sociedade”, salientou.

Destacou como pontos fortes do sistema de saúde português “a universalidade” dos cuidados de saúde, que cumprem “políticas e obrigações internacionais” como o regulamento internacional de saúde.

Apontou também a “confiança das comunidades” na vacinação, que afirmou ter sido encorajada por se terem juntado “Governo, especialistas e cientistas para discutir publicamente” o estado da pandemia.

“Os meios de comunicação estavam lá, a fazer as perguntas certas, a pedir contas a todos e isso ajudou a construir confiança e levou as pessoas a irem vacinar-se”, referiu.

Stella Chungong saudou ainda o facto de imigrantes sem documentos e refugiados em Portugal poderem ter tido acesso aos cuidados de saúde de todos os portugueses durante a pandemia.

Observadores de França, São Tomé e Príncipe e Geórgia acompanharam a delegação da OMS que passou esta semana em Portugal e que irá fazer um relatório nacional da revisão da OMS que será apresentado na próxima Assembleia Mundial de Saúde, em Genebra, que se realiza entre 24 e 29 de maio.

LUSA

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