O futuro do setor da saúde: os mais fortes tornam-se mais fortes
As grandes empresas biofarmacêuticas serão mais resistentes do que muitos […]

O futuro do setor da saúde: os mais fortes tornam-se mais fortes

As grandes empresas biofarmacêuticas serão mais resistentes do que muitos outros setores durante e após a pandemia. Olhando para o futuro, as mais fortes vão ser ainda mais fortes. As doenças infeciosas vão converter-se num objetivo muito mais importante.

No geral, as tendências de longo prazo que moldarão o futuro da indústria biofarmacêutica não mudam com a Covid-19, mas vão acelerar. Haverá um aumento do uso de big data em todos os aspetos da descoberta e desenvolvimento de medicamentos, bem como na monitorização de pacientes em todo o mundo. A medicina de precisão atingirá (finalmente) a maioridade. A terapia genética e celular será o próximo horizonte da inovação médica, tão profunda quanto a mudança ocorrida há 40 anos, com a transição de produtos químicos para proteínas. A importância da China crescerá na indústria biofarmacêutica global, por ser o segundo maior mercado do mundo e uma fonte de inovação global.

As empresas de biotecnologia e farmacêuticas têm-se saído bem até agora e estão a mostrar-se mais resistentes do que outros setores. Bons indicadores dessa situação são os sólidos resultados que vimos em termos de resultados do primeiro trimestre – quase todas as empresas farmacêuticas superaram as expectativas e reiteraram as suas previsões para este ano. Uma situação que difere de muitas outras indústrias. As pessoas continuarão a precisar de medicamentos e há muitas doenças que têm um destino ainda pior do que a infeção Covid-19. A máxima prioridade da indústria é manter o fornecimento ininterrupto de medicamentos. Isto é de vital importância para evitar um grande aumento na mortalidade por todas as causas associadas ou não a esta pandemia, já que as pessoas não podem aceder aos medicamentos de que precisam para doenças não relacionados com a  Covid-19. Ao nível das grandes empresas estamos a estudar a estabilidade dos fluxos financeiros e o pagamento de dividendos; enquanto para as empresas de pequena e média capitalização estamos a estudar a evolução dos fluxos financeiros e do catálogo de produtos que lhes podem permitir resistir à tempestade. Somos cautelosos com empresas focadas num único medicamento, principalmente com os mecanismos imunossupressores que aumentam o risco de Covid-19.

Há três fatores principais a ter em conta relativamente ao impacto da Covid-19 no setor: a cadeia de fornecimento / produção, a procura do mercado final e os ensaios clínicos. A cadeia de fornecimento é segura e as empresas podem continuar a fabricar para satisfazer todos os pedidos? Existem novos riscos no fornecimento de matérias-primas e ingredientes farmacêuticos ativos (API) de um único país, de modo que as empresas estão a repensar como diversificar as suas cadeias de fornecimento de medicamentos a nível mundial. Quanto à procura: as visitas pessoais a médicos – especialmente na Europa e nos Estados Unidos – diminuíram drasticamente, com quebras estimadas na ordem dos 70%. Isto significa que novos os diagnósticos diminuíram e que as mudanças entre medicamentos diminuíram. As perspetivas para o setor são boas e esta é uma tendência que pode durar.

Uma das implicações mais importantes da Covid-19 na indústria biofarmacêutica é que pode ser determinante para a reconstrução da reputação do setor. A sociedade está a ver como as empresas biofarmacêuticas podem ser parte da solução do problema e não parte do problema em si. Além disso, existe uma grande colaboração entre diferentes empresas e é provável que assistamos a uma era de aquisições e de fusões de pequenas empresas com menor financiamento por parte das grandes empresas farmacêuticas.

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